A dolorosa ideia de presunção
Tendo-se a dor de dente ou de unha cravada, aplica-se materialmente o ditado lógico: Tira-se a causa, logo, desaparece o efeito... No caso, extraindo-se o dente ou arrancando-se a unha, a dor se vai... Contudo, há dores crônicas de raízes profundas, irremovíveis pelo alicate. O amigo Rubem Alves, imortal cronista, inventou , embora muito depois das ideias de Platão, o termo 'dor' para coisas imateriais: "a dor de ideia". Fenômeno comum no dia a dia, porém muito pouco observado. A "dor de ideia" difere das "dores de coisa" e acho que pode ser chamada de 'dor do eu'. Praticamente são a dor do medo; a de perder o emprego; a de ser traído; a de morrer; a de ser perseguido; a da ideia de se considerar incapaz, não inteligente ou superinteligente, desprezado ou sexualmente não realizado; a de invejar e não conseguir aquilo que é invejado. Enfim, são dores de ideia que, somente evitando-as, mais com ajuda de psicanalista do que com a de médico, elas não causarão sofrimento.
A ideia de presunção se elabora num pedestal erigido pela própria estátua e não pelos seus pretensos admiradores... As características dessa doentia e fastidiosa prosopopeia são a inveja, os autoelogios, a descaracterização das qualidades alheias; tudo isso movido pela energia mefistofélica da exacerbada vaidade, tida como "bem-aventurança dos néscios, dos tolos ou dos semidoutos".
O presunçoso sofre quando se convence de que ele não corresponde à fatuidade que propaga. Pior: Ofende os de bom senso ou os que circunstancialmente são compreensíveis vítimas da sua exagerada empáfia. Em lugar nenhum li que Michelangelo se autoelogiou ao esculpir "La Pietà"; fez a obra e a beleza se encarregou do resto, sem talvez, provocar dor em algum artista... Os bons não precisam de aparências, de suspeitas suposições. Ah! Se, nesses presunçosos, a vaidade de serem amados os tornasse simples...
Tendo-se a dor de dente ou de unha cravada, aplica-se materialmente o ditado lógico: Tira-se a causa, logo, desaparece o efeito... No caso, extraindo-se o dente ou arrancando-se a unha, a dor se vai... Contudo, há dores crônicas de raízes profundas, irremovíveis pelo alicate. O amigo Rubem Alves, imortal cronista, inventou , embora muito depois das ideias de Platão, o termo 'dor' para coisas imateriais: "a dor de ideia". Fenômeno comum no dia a dia, porém muito pouco observado. A "dor de ideia" difere das "dores de coisa" e acho que pode ser chamada de 'dor do eu'. Praticamente são a dor do medo; a de perder o emprego; a de ser traído; a de morrer; a de ser perseguido; a da ideia de se considerar incapaz, não inteligente ou superinteligente, desprezado ou sexualmente não realizado; a de invejar e não conseguir aquilo que é invejado. Enfim, são dores de ideia que, somente evitando-as, mais com ajuda de psicanalista do que com a de médico, elas não causarão sofrimento.
A ideia de presunção se elabora num pedestal erigido pela própria estátua e não pelos seus pretensos admiradores... As características dessa doentia e fastidiosa prosopopeia são a inveja, os autoelogios, a descaracterização das qualidades alheias; tudo isso movido pela energia mefistofélica da exacerbada vaidade, tida como "bem-aventurança dos néscios, dos tolos ou dos semidoutos".
O presunçoso sofre quando se convence de que ele não corresponde à fatuidade que propaga. Pior: Ofende os de bom senso ou os que circunstancialmente são compreensíveis vítimas da sua exagerada empáfia. Em lugar nenhum li que Michelangelo se autoelogiou ao esculpir "La Pietà"; fez a obra e a beleza se encarregou do resto, sem talvez, provocar dor em algum artista... Os bons não precisam de aparências, de suspeitas suposições. Ah! Se, nesses presunçosos, a vaidade de serem amados os tornasse simples...