Dos fatos, dos sonhos e das fantasias (...)

Certa vez sonhei que estava pulando de paraquedas no buraco negro da atmosfera junto com o Carlos – aquele Carlos, o Drummond. Mas, acostumada com o meu talento pra sonhar loucuras no pouco que durmo, fechei os olhos e vivi aquele misto de êxtase e medo.

Dois acontecimentos dessa semana me fizeram recordar esse sonho (embora nunca o tenha esquecido de fato). O primeiro deles veio na segunda feira: encontrei minutos antes de ser posto no lixo, um livro do Drummond. “A Rosa Do Povo”. Um livro sendo jogado fora já me dói a alma, sendo um do Drummond, dói mais. Salvei-o a tempo. Mas o engraçado nessa história é que na capa do livro estava escrito com caneta: CARLOS.

Ou o antigo dono tinha o mesmo nome do poeta, ou Drummond estava gentilmente usando o acaso para me presentear.

O segundo acontecimento veio das manchetes. O renomado físico britânico, Stephen Hawking, deu uma “mexidinha” na visão de universo da ciência ao afirmar essa semana que se alguém cair num buraco negro poderá parar em um outro universo. O buraco negro não seria o fim da matéria. Pois bem. Buraco negro da atmosfera, eu e Carlos novamente.

Ou Drummond está usando o acaso pra me convidar a viver num outro mundo, ou ele não sabe que cada livro seu é um universo particular.

Hawking, confesso que essa ciência toda faz eu me sentir minúscula e me dá medo. Carlos, preciso dizer que minhas duas mãos bem entendem sobre abraçar o mundo, e isso me dá êxtase.

Nada como o misto da vida.

“A Rosa Do Povo” vai furar a fila dos livros que tenho pra ler. E lá vou eu, dar conta de todos esses (uni)versos outra vez.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)