A BACIA

Contei um causo de uma buchada numa campanha política em Pesqueira, uma das minhas pátrias, hoje vou contar outro na minha outra pátria, Arcoverde. Também fui testemuna ocular do causo. Foi no ano de 1959, faz 56 aninhos, eu era um garoto de doze anos mas já acompanhava a política, comecei cedo nesse vício maldito que, graças a Deus, deixei. O PTB havia rompido com o governador Cid Sampaio que vinha descartando a esquerda, apoiou um pessedista que votara contra ele, então o PB lançou o seu candidato.

Apesar da força da máquina do governo a campanha foi duríssima. O PTB era forte na cidade, mas era fraco na zona rural, no reduto dos coronéis. Por isso começou a programar comícios nos sítios e povoados. E todo comício na zona rural tem uma buchada antes ou depois do dito cujo. Foi o que aconteceu num distrito, Caraíbas. Foi mais ou menos as dez horas da manhã comício, depois dele, mais ou menos a uma e tarará, fomos comer a famosa buchada. Antes ficamos no alpendre da casa do sujeito que apoiava no distrito o PTB, a comitiva ficou tomando umas lapadas e esperando a iguaria, contando piadas, relembrando fatos e metendo o cacete nos pessedistas. Mas estava demorando a danada da buchada. Bom, num dado momento a dona da casa gritou: - Dorinha, termina logo de dar banho nesse menino que eu preciso da bacia para passar o pirão da buchada". Uns olharam para os outros, mas ninguém censurou, apenas riram. E todos comeram a buchada e, óbvio o pirão,se havia algum respingo de sujinho do menino isso foi coisa de somenos importância, virou tempero. A buchada estava ótima.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 25/08/2015
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