CACHORRINHO
É estranho dizer que a felicidade bate à porta. É estranho compreender que a sorte é para poucos, ao passo que muitos a procuram, mas a sorte sai como um tiro negado. É fácil dizer de que maneira um ser humano se apaixona por outro, contando-lhe suas aventuras, seus pensamentos, suas emoções para conseguir um pouco de amor. É estranho dizer que as flores gostam mais de seus proprietários do que os que as admiram, os que as fazem de versos, de poemas, de crônicas e de literatura.
Compreender o universo como sendo de si próprio. Ver a natureza que oferece um pouco de cada coisa, mesmo não sendo rica o suficiente para eternizar o presente. Compreender como nasce uma fonte de água, como jorra um simples filete de água, transformando em um grande rio navegável, gerando vida, gerando energia e riqueza. Fixar o olhar para a lua e dela trazer versos tão lindos, luzes que iluminam a noite escura, no breu, onde se ouve a música dos grilos, das cigarras, dos insetos, até a conversa de animais que habitam a floresta densa, que impõe medo, que ofusca quem por ali está.
Passar em uma ponte tão grande, olhando para baixo e ver um grande volume de água, que nesta água está um grande peixe, que respira como um ser humano. Atravessar a balsa que corta uma baia de cidade litorânea. Balançar ao som das ondas do mar, as quais cantam canções de ninar, de fúria, de guerra, mas também adoçam o cérebro com músicas de paz, de harmonia, de sinceridade...
Ir a uma academia e ver pessoas malhando-se até seu limite físico. Correr em esteira como se estivessem correndo em uma grande avenida. Pegar pesos, como se estivessem pegando sua própria consciência de vida, do pecado e talvez da maldade.
Sentar em um jardim florido, com rosas, beijos, ipês, flores de época e de esperança. Sorver seu perfume natural. Olhar para cima e ver um pequeno beija-flor fazendo as mais lindas e instrumentistas evoluções.
Então, é ser um pequeno cachorrinho para, assim admirar.