Crônica anacrônica: As músicas e nós.

Crônica anacrônica: As músicas e nós.

Vivíamos em uma época de um romantismo exacerbado, que se refletia nos boleros, como o da “História de um Amor”:
“Já não estás mais ao meu lado, coração,
E na alma eu só tenho a saudade,
E se já não posso ver-te,
Porquê Deus me fez querer-te,
Para fazer-me sofrer mais? ”

Éramos incentivados pelas músicas a viver por causas perdidas, por amores impossíveis, por um futuro irrealizável. Embarcávamos naquela filosofia errada, de viver, sonhando sonhos impossíveis, aos ritmos gostosos dos boleros. Aprendemos a gostar de sofrer, como se o sofrimento fosse uma razão de viver... Será que isso teve reflexos na política?

Ontem ouvi alguém assoviar a música lindíssima, do filme de Charles Chaplin, Luzes da Ribalta – que recebeu um Oscar de Hollywood – lembrei-me de parte da letra, e procurei saber de quem era a autoria: João de Barros, o Braguinha, um Senhor Poeta, que dizia assim:
“Para que sofrer o que passou,
Lamentar perdidas ilusões,
Se o ideal que sempre nos acalentou,
Reviverá em outros corações...”
Ela estava na contramão da história, ou fazendo um novo discurso histórico?

Não sei se as músicas nos influenciaram a tomar decisões equivocadas na política, mas sei que as boas músicas marcaram aquela época, e estão aí, bem vivas, até hoje.