REIS DE VIDROS GROSSEIROS

A questão entre Jesus e Pôncio Pilatos ilustra o antagonismo entre egoísmo e caridade. Enquanto Jesus percorreu a via dos sofrimentos, o outro lavou as mãos, abandonando-O ao suplício.

Faltou fraternidade naquela época e falta hoje. Repetir-se-iam os fatos, se a história desse um salto desde a crucificação de Cristo aos nossos dias. Ódio, ganância e adorações a reis de vidros grosseiros mostram a face corrompida da humanidade.

Houvesse mútuo amor, não se roubaria em cargos e funções políticas, multiplicar-se-ia a caridade, diminuir-se-iam ofensas, acabaria a iniquidade. A rigidez ameaça os bons sentimentos, a desonestidade corrói valores e mata inocentes, a convivência humana torna-se, a cada dia, menos possível.

Pascal prenunciava o risco de se desmancharem os laços interpessoais, ao deduzir que o egoísmo e o orgulho andavam unidos. Ainda hoje andam e o jogo de interesses promove lutas ferrenhas. Joio e trigo estão muito difíceis de serem identificados. Há trigo?

A sociedade não terá descanso, caso não facilite a convivência. É imprescindível que se abandone a paixão desenfreada por mercadores de ilusões. Há muitos reis de vidros grosseiros sob o sol, não permitir que ofusquem a vista de seus adoradores, é imprescindível.

Dalva Molina Mansano

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23.08.2015

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 23/08/2015
Reeditado em 25/08/2015
Código do texto: T5355872
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