REIS DE VIDROS GROSSEIROS
A questão entre Jesus e Pôncio Pilatos ilustra o antagonismo entre egoísmo e caridade. Enquanto Jesus percorreu a via dos sofrimentos, o outro lavou as mãos, abandonando-O ao suplício.
Faltou fraternidade naquela época e falta hoje. Repetir-se-iam os fatos, se a história desse um salto desde a crucificação de Cristo aos nossos dias. Ódio, ganância e adorações a reis de vidros grosseiros mostram a face corrompida da humanidade.
Houvesse mútuo amor, não se roubaria em cargos e funções políticas, multiplicar-se-ia a caridade, diminuir-se-iam ofensas, acabaria a iniquidade. A rigidez ameaça os bons sentimentos, a desonestidade corrói valores e mata inocentes, a convivência humana torna-se, a cada dia, menos possível.
Pascal prenunciava o risco de se desmancharem os laços interpessoais, ao deduzir que o egoísmo e o orgulho andavam unidos. Ainda hoje andam e o jogo de interesses promove lutas ferrenhas. Joio e trigo estão muito difíceis de serem identificados. Há trigo?
A sociedade não terá descanso, caso não facilite a convivência. É imprescindível que se abandone a paixão desenfreada por mercadores de ilusões. Há muitos reis de vidros grosseiros sob o sol, não permitir que ofusquem a vista de seus adoradores, é imprescindível.
Dalva Molina Mansano
00:11
23.08.2015