MEMÓRIAS DE UM CAIXA DO BB
Sempre recusava a função, apesar da comissão ser nada desprezível. Não gostava e nem gosto ainda de lidar com dinheiro. Mas chegou um dia que o gerente me deu o ultimato: aceitava ou a recusa iria constar na minha ficha funcional como agravante: desinteresse em colaborar com a administração. E,assim, entrei na rotina. Era obrigado autenticar no mínimo 120 documentos. Atingido esse limite, podia fechar a caixa e auxiliar na retaguarda.
Certo dia, num dia modorrento, pouco movimento, apareceu uma loira estonteante. Apresentou um cheque de pouco valor (metade do salário mínimo). Vi que o valor estava rasurado. Olhei-a nos olhos. Estava séria e suplicante. Deu-me um leve sorriso, de inocência. Pedi que endossasse o cheque só para saber o nome . A espertinha fez uns rabiscos e apertou os lábios no documento, deixando impresso um beijo com o batom. Impressionado com a iniciativa, entreguei-lhe o valor. Antes de sair, voltou e deu um até loguinho. Foi algo que não esqueci e guardo o cheque até hoje. Valeu a pena ser caixa...