SERVIDÃO HUMANA

Você concordaria comigo, se dissesse que; o lugar mais aprazível fora do contexto das belezas naturais do nosso planeta, seria num local com milhares de livros? Sábado, dia do relançamento do livro “Saga de Palavras” de algumas escritoras, nada melhor, do que fazê-lo no “Recanto dos Livros”, com uma porcentagem da venda doada para o Lar dos Velhinhos da cidade!

Entrei e fiquei boquiaberta, paralisada, perplexa..., ali, estava o “Paraíso, sobre a Terra”, o tal do “Shangri-La”! Livros, livros e mais livros..., todos, perfeitamente arrumados em prateleiras, tudo na mais completa ordem, a espera dos olhos famintos dos leitores! Um brechó de livros doados por vários leitores para que possam ser comprados por preços razoáveis (bem abaixo da tabela) para ser lidos por outros leitores!

Mesa de café e bolos arrumados a espera dos amigos e fregueses do lugar. Um a um vão chegando, logo, se percebe que, um sarau poderia acontecer para motivar a clientela. Um primo querido chega com um acordeom emprestado de um casal de colaboradores, e, a festa lítero-musical, promete!

Entre as prateleiras vou colecionando os títulos na memória! Embevecidas as meninas dos meus olhos se apaixonam! Meu primo chega perto..., pega um livro que esta bem diante dos meus olhos e comenta: “Eu o li em inglês! Aqui está a “Servidão Humana de W. Somerset Maugham”, traduzido para o português!”

Pego o livro nas mãos e recordo ter estudado quatro capítulos com a Professora de Literatura da UNICAMP. Em minhas mãos um livro que conta a história de Philip Carey, alter ego do autor na sua juventude, dividido entre o fervor religioso da família e o desejo de liberdade que os livros e os estudos lhe dão a conhecer.

Ficamos os dois segurando o livro nas mãos! Mostro para o Cláudio à contracapa do livro em que está escrito o nome de uma pessoa muito querida por nós dois, no rodapé da página, a data em que foi comprado! Emoção!

Decidi que, meu primo deveria comprá-lo! Ele insiste para que eu o compre! E nesse jogo de empurra, maravilhoso, deixo o livro nas mãos da voluntária que esta no caixa, afim de, guardá-lo para o Cláudio.

O sarau inicia com a declamação de uma escritora muito querida! No final da sua declamação, o meu telefone, vibra! Vou atendê-lo, levo um escorregão e caio de joelhos..., recebo a notícia da morte de uma pessoa muito querida! Assim, ajoelhada, permaneço por um tempo, pensando nesta vida tão surpreendente, tão complexa!

Uma semana depois de toda esta história vou atender a campainha! Cláudio tem a “Servidão Humana” nas mãos, e, com um largo sorriso no seu rosto bondoso, ele, me entrega de presente!