Sonhos
Sonhos! Existem para serem sonhados, sim! Mas ao avesso do que muitos acreditam, não é tão democrático como se julga ser – pelo menos na prática. Não se pode sair sonhando a torto e a direita por aí! Seria uma colossal irresponsabilidade! Digamos que existam regras, princípios, normas e códigos para que alguém possa se dar o deleite de sonhar... Antes de qualquer coisa é necessário que se tenha respaldos que viabilizem este desejo imaginário. É preciso que se tenha ingredientes que possam tornar, de alguma forma, reais as mais encantadoras aspirações cunhadas pela mente... Não se pode ter o céu como demarcação para o sonho pleno estando limitado pelos próprios pés.
Tudo isso sem falar que os sonhos variam de acordo com o estado de espírito. Claro! Você em paz consigo e feliz com a vida que leva consegue sonhar alto; o pensamento viaja solto, livre, feliz pelo espaço. Mas sonhar quando não se pode, é frustração! É se maltratar ante uma esplêndida vitrine do mundo magnífico que jamais poderá gozar. Nestes casos, o mundo real - penoso e sólido - é o que é e isso basta. Basta! Por que se flagelar com os chicotes das idéias que o fazem, ainda mais, tornar ciente de suas limitações?
Talvez a grande truculência do sonhar não resida no sonho em si, mas no retorno da mente a realidade. Enxergar-se num universo sevo, que não o imaginado – e que em muitos casos jamais será alterado frente a sua imutabilidade – é um choque feroz.
Tudo isso consistiria em uma espécie de juízo de natureza triste? Não, de forma alguma! Apenas real. Vigilante até, diriam alguns!
Os sonhos, quando não domados, podem se tornar bárbaros!
Logo, existem para se tê-los sob controle.
Mas sonhos governados por rédeas racionais, ainda sim, seriam sonhos?!
Neste instante, as nuvens das idéias que zoneiam minha consciência passam a cobrir de gelo minha mente. Sonhos e pensamentos se desvanecem... O corpo cansado então relaxa. As janelas da alma cerram-se.
É hora de dormir! E mais uma vez sonhar...