CINISMO

Substantivo masculino = definido no dicionário da língua portuguesa organizado por Aurélio Buarque de Holanda Ferreira como:

1- impudência, descaramento;

2 – (na filosofia) Oposição radical e ativa às regras e convenções socioculturais.

A nós, meros mortais, é a única palavra que se nos apresenta para substantivar (ao ouvir ou ler) as declarações dos envolvidos na roubalheira endêmica dos muitos casos apelidados de mensalão, petrolão, etc.

As manifestações já são nossas velhas conhecidas, pois são sempre as mesmas:

- há um complô do governo para impedir minha atuação;

- refuto com veemência toda e qualquer ilação envolvendo meu nome;

- ao final do processo provarei a minha inocência e a não participação em esquemas de corrupção;

- não fui ouvido no processo;

- não me foi dado o direito de ampla defesa...

E outras frases feitas, batidas e insistentemente usadas por todos os envolvidos na maior roubalheira que se tem notícia em todos os tempos e em qualquer parte do mundo.

O descaramento é de tal ordem que esses bandidos não se sentem constrangidos em permanecer nos cargos para os quais foram eleitos ou simplesmente nomeados.

Qualquer pessoa que sinta vergonha dos ilícitos praticados (independente dos motivos que a levaram a praticá-los) se sentiria incomodada com o ambiente criado após a descoberta desses atos e naturalmente, até por defesa contra o constrangimento, se afastaria dos seus pares.

Mas para isso é necessário que tenha recebido de quem a educou os princípios morais (pode-se até colocar os religiosos nesse contexto), mas não é isso que assistimos.

Faltam aos políticos brasileiros a honradez, a decência e principalmente o espírito estadista que manda deixar de lado os interesses próprios e focar as ações no bem comum porque em última análise, quem nasce bandido, acredita que tem todo direito de praticar os ilícitos, de participar, mesmo que remotamente, de roubalheiras e nunca serem obrigados a prestar contas das suas ações por se considerarem acima das leis e isentos de responsabilidades.

É comum ver-se o bem público ser usado como se fora particular não só pelo político, mas também por todos da sua família e apaniguados.

Temos uma imensa tarefa a nossa frente:

- temos que fazer uma colossal faxina em todos os órgãos públicos;

- temos que punir, severamente, a todos os criminosos independente da cor do seu colarinho;

- temos que tornar efetivo o Art. 1º, § único da nossa constituição;

- temos que instruir e, principalmente, reeducar a população;

- temos que exigir que as Leis (com letra maiúscula, sim) estejam acima de todos a fim de que sejamos iguais perante elas.