Calheiros e a cartilha de Martinha Suplicy - 2ª parte
Ainda que a democracia brasileira seja frágil, eu creio que a justiça seja feita, embora por caminhos nem sempre conhecidos e sondáveis.
Sou daqueles cidadãos que tomam, diariamente, a pílula do otimismo.
Inebriado em uma visão nacionalista, tudo, para mim, tem algo positivo e didático para mim.
Hoje, por mais que tente escrever algo novo, ela reside, felizmente ou não, na figura do senador-garanhão da República Federativa do Brasil.
A famosa e badalada Comissão de Ética do Senado está dividida. Entre uns que querem proteger o senador e outros que desejam a sua renúncia na Presidência do Senado, a única certeza que se tem é que está incerto o desenrolar dos acontecimentos. Posterga-se muito e o purgatório parece ter uma certa eternidade.
Ainda que tentem adiar e alongar as investigações, o fato inconteste é que o nosso Renan Calheiros, sendo ou não absolvido, terá a sua imagem queimada; similar, talvez, ao mesmo desfecho de Severino Cavalcante e Ney Suassuna.
A resposta das urnas é cabal e não tem nela quem fuja - intocável, mortal ou homem "acima do bem ou do mal".
A opinião pública, os formadores de oposição e os opositores alagoanos de Calheiros já possuem um dossiê completo, com o que já existe contra o "Rei do Gado".
Documentação farta, desde bilhetinhos com declarações beirando ao recôndito da alma, entre o Renan e a jornalista, além de telefonemas discretos e picantes; contratos irregulares, envolvendo gente que sequer conheceu o Senador, dentre outros esquemas que, se bobear, até Deus duvida.
A encenação na Comissão de Éica pode até existir. Não há dúvidas!
Porém, constrangedor é ver o Calheiros em público, na Tribuna do Senado, assumir para o público que corneou a esposa.
Só que com um detalhe: foi "ético"!
Ele "colocou" um par de chifres e não usou de meios ilegais para pagar a sua amante.
Só isso!
É apenas isso que ele quer comprovar para a sua família.
Calheiros quer mostrar que é um amante honesto... um traidor ilibado, como a maioria dos amantes anônimos pelo Brasil afora.
Ele apenas "relaxou e gozou"! Que mal tem!?
Pelo menos, ele não "pecou". Foi à risca na cartilha da Ministra-Sexóloga.
Deixem o homem falar!
Nada melhor que a "dignidade" e a "honra"!
Agora, Calheiros quer ser mais um, como qualquer outro. Desceu do seu patamar de divindade e colocou-se no papel de "cidadão honesto", ainda que perseguido pela roda de "difamadores" e "profissionais" da honradez alheia.
Deixem ele ser, simplesmente, ele!
Ele, Calheiros... o homem. O Rei do Gado!