CRÔNICA NÃO CONCLUIDA
Olhos enegrecidos pelas pálpebras por cansado de levar a mente a terrenos que não eram seus. Tentava dormir. Retrucava seus pensamentos no lençol. Virava-se para a parede azul do quarto e recordava o lugar que o arrebatava. Não era o lugar importante. Os sentimentos sim, que enlaçavam o palpável com o emocional; o espaço físico, lógico e concreto com a ilogicidade da paixão. Seria mesmo paixão?
Como todos os dias, Felipe estava no centro da praça de sua pequena cidade. Aquele lugar, apesar de não ser repleto de paisagismo exibicionista era o ambiente mais propício em que sentava-se para observar as pessoas caminhando. Gostava de perceber detalhadamente a forma como os indivíduos que por ali passavam estavam se sentindo. Ria com as crianças que atiravam pedrinhas sob a cabeça do segurança municipal, e a sua face avermelhada por ira dos pequeninos. Observava os jovens se alucinando com as donzelas, e também alucinava-se por elas.
Mas havia algo que fazia o mancebo exasperar seu olhar mais do que qualquer gargalhada promovida pelas traquinagens da infância, ou mesmo, donzelas que passassem com os traços mais belos que o criador houvesse dado a uma mulher. Era uma fonte de águas intensamente cristalinas que havia na praça, na qual, banhava toda a arbórea do lugar. E ali ficava a matinar horas a fio de olhar fixo e singelo para o espetáculo que ele mesmo o considerava. Os que passavam por ali indagavam: “será que o Felipe apaixonou-se pela águas?”
Era interessantíssimo passar pela praça, de nome, fonte das águas, e ver o olhar daquele rapaz embelezando-se pelas curvas da transparência a bater sensivelmente na vegetação repleta de flores de orquídeas. Não se sabe ao certo porque ele embelezava-se com aquilo. Alguns acreditam, no entanto, que estivesse relacionado a um episódio que ocorrera em sua adolescência quando estava para completar 10 anos. Outros achavam que seria pelo fato de ele querer ser um nadador profissional e ficava imaginando suas futuras conquistas. Outros, porém, pensavam, que ele fosse mesmo, um abestalhado ou débil mental.
[AINDA NÃO CONCLUÍDO]