_______________O PAR DE SAPATOS
Comprou na literatura do pensamento, lembrando a poeira que deixaria, se considerada a estrada.
Em sentido de ir adiante, lustrou o par, aconselhada pelos velhos lutos à chorosa ideia de caminhar. A disciplina com que lustrava era quase militar.
Em sentido de ir adiante, lustrou o par, aconselhada pelos velhos lutos à chorosa ideia de caminhar. A disciplina com que lustrava era quase militar.
Com o tempo, olhos abatidos, o sapato já ficando gasto, mas só de lustrar. Sem sossego e um tanto perturbada, deixou os sapatos de lado. Teria sido a graxa a lançar venenos, encenando nos sapatos feitiços de imagens escravas? Ah! A graxa! Por certo que havia caído feito alma penada sobre os sapatos... A graxa humilhou os pés. Apropriou-se dos sapatos e mandou redigir âncoras no conceito das solas.
Abandonados às mãos dos armários, ficaram esquecidos dos olhos e da estrada, acompanhados apenas pela violência do silêncio.