VIOLEIRO OSTENTAÇÃO
Ele ajeitou a camisa florida de receber prêmios, fez uma massagem na bolsa dos olhos, (se recusava a fazer uma plástica) quebrou a aba do chapéu que escondia a ausência de cabelos e aprovou a imagem no espelho.
A caminho do helicóptero, (não quis ir de jatinho pois não havia aeroporto perto do evento) deu um adeus à mulher e as crianças que estavam na piscina e um beijo no cachorro que saiu correndo feliz pelo vasto gramado da fazenda.
A viola inseparável dormia quietinha no macio do estojo de pele de antílope.
Lembrou-se do tempo em que viajava de ônibus ou de carona carregando mochila nas costas e o instrumento, do quartinho humilde sem ventilador e sem banheiro, da pousada mais barata da cidade, tanto que às vezes elas, as baratas, desfilavam tranquilamente pelos corredores.
Eram um bocado de quilômetros e não tinha ajuda de custo nem estadia, precisava morrer com a grana, que às vezes quase sempre não tinha.
A viagem valia mesmo pelo encontro com os amigos, pela bebemoração e pela incansável teimosia em acreditar no seu talento, mas tudo nessa vida tem 50% de chance, é sim ou não, se faturasse algum premio não dava pra encher os bolsos mas inflava o ego, quando a asa era chumbada o desalento batia, vinha à mente a lembrança das contas que não seriam pagas, a mulher dizendo cobras e lagartos, a ladainha de sempre para que largasse aquele sonho e tratasse de arrumar alguma coisa séria pra fazer na vida.
Era duro ficar ali com os amigos quando não passava para a final, até pelo fato de que não era viável morrer com mais uma diária de hotel mesmo sabendo que ser finalista não era garantia alguma de conquistar algum premio. Alguns outros certamente iriam passar o mesmo que ele.
Da cabeça de jurado de festival nunca se sabe o resultado que pode sair, é claro que a não classificação para outra fase não significava de forma alguma que sua musica e sua apresentação eram uma merda. Mesmo às vezes caindo no gosto do público o trabalho entrava em rota de colisão com os critérios dos julgadores, e dá-lhe chumbo.
Nem precisara usar seu próprio avião, usou o da organização mesmo tendo que dividir espaço com mais um concorrente. O chumbo, a breja, e aquela do alambique, havia pesado demais! O barulho das hélices era insuportável!.
Acordou!
A caminho do helicóptero, (não quis ir de jatinho pois não havia aeroporto perto do evento) deu um adeus à mulher e as crianças que estavam na piscina e um beijo no cachorro que saiu correndo feliz pelo vasto gramado da fazenda.
A viola inseparável dormia quietinha no macio do estojo de pele de antílope.
Lembrou-se do tempo em que viajava de ônibus ou de carona carregando mochila nas costas e o instrumento, do quartinho humilde sem ventilador e sem banheiro, da pousada mais barata da cidade, tanto que às vezes elas, as baratas, desfilavam tranquilamente pelos corredores.
Eram um bocado de quilômetros e não tinha ajuda de custo nem estadia, precisava morrer com a grana, que às vezes quase sempre não tinha.
A viagem valia mesmo pelo encontro com os amigos, pela bebemoração e pela incansável teimosia em acreditar no seu talento, mas tudo nessa vida tem 50% de chance, é sim ou não, se faturasse algum premio não dava pra encher os bolsos mas inflava o ego, quando a asa era chumbada o desalento batia, vinha à mente a lembrança das contas que não seriam pagas, a mulher dizendo cobras e lagartos, a ladainha de sempre para que largasse aquele sonho e tratasse de arrumar alguma coisa séria pra fazer na vida.
Era duro ficar ali com os amigos quando não passava para a final, até pelo fato de que não era viável morrer com mais uma diária de hotel mesmo sabendo que ser finalista não era garantia alguma de conquistar algum premio. Alguns outros certamente iriam passar o mesmo que ele.
Da cabeça de jurado de festival nunca se sabe o resultado que pode sair, é claro que a não classificação para outra fase não significava de forma alguma que sua musica e sua apresentação eram uma merda. Mesmo às vezes caindo no gosto do público o trabalho entrava em rota de colisão com os critérios dos julgadores, e dá-lhe chumbo.
Nem precisara usar seu próprio avião, usou o da organização mesmo tendo que dividir espaço com mais um concorrente. O chumbo, a breja, e aquela do alambique, havia pesado demais! O barulho das hélices era insuportável!.
Acordou!