Os Kristos filipinos
(Artigo escrito há uns oito anos, o que não é nada perante a eternidade...)
É nas Filipinas que são vistos. E é na semana santa que vertem o seu sangue, por meio da auto-flagelação, em procissão. Em alguns casos vão à crucifixão. Pregam-se sem pregar. San Pedro Cutud, é o nome da cidade que reúne, anualmente, esses mais intrépidos intérpretes da paixão do Cristo.
Autonomeiam-se Kristos, e geralmente não chegam ao ponto de serem abandonados pelo Pai, além da multidão que lá vai. Pagam promessas, fazem seus sacrifícios e ao fim e ao cabo de cada quaresma, saem-se ressarcidos, renascidos, ainda que em sangue banhados, mas
compensados. E muitos regressam certos de repetir a experiência no ano seguinte.
Consta que um certo Heroshitos Sangalang detém o récorde de pregações - com cravos de verdade mesmo - em cruz: 15 vezes.
Dos países asiáticos, as Filipinas singularizam-se pela sua herança espanhola. A maior parte dos filipinos tem nomes espanhóis e professa a religião católica.
Com a passagem do país ao domínio dos Estados Unidos da América, adotou-se lá a língua inglesa e, apesar de tantas transformações, inclusive de ser o país formalmente uma democracia - coisa também rara naquelas bandas - muitos filipinos ainda de pegam para Kristos, cheios de abnegação, mas nenhum quis ainda apostar na ressurreição.