A TESOURA DE OURO

Às vezes, quase sempre, meus olhos fotografam instantâneos do cotidiano; registro de ouvido um som, o retalho de um comentário de passagem, uma frase ou um parágrafo lido por acaso num livro ou revista qualquer.

Depois, sem que eu tome consciência disso, esses dados são armazenados nos arquivos "EM ESPERA" da minha memória. Quando isso acontece, batata! Vai servir para alguma coisa.

Por algum tempo andei meio "pesada" sob alguns dissabores difíceis de diluir, devido estarem ligados a pessoas e situações a considerar. Por mais que eu racionalizasse tentando transferir a carga para o terreno filosófico, o "peso" persistia.

Um dia, li alhures, folheando um velho livro de uma pirâmide de livros num sebo, um texto que dizia ( em termos mais rebuscados) o seguinte:

Se alguma coisa o aborrece, deprime ou prejudica, tais como: mau-humor, mágoas, raiva, tristeza, situações constrangedoras, ou até mesmo pessoas irritantes ou inconvenientes, livre-se de tudo isso com um só golpe. Primeiro visualize um cordão brilhante ligando você à tal coisa indesejável. Depois visualize uma grande e afiadíssima tesoura de ouro e corte o cordão.

Já era! Não tem volta! Acredite: funciona! Sua mente entende que a conexão com a pessoa ou coisa que te faz mal se rompeu em absoluto e definitivamente, e desliga imediatamente a sensação de desconforto.

Fiz o teste. Criei para minha poderosa mente uma tesoura de ouro de bom tamanho, com fio de navalha, peso ideal no perfeito caimento macio e fatal de suas lâminas, como uma implacável guilhotina. É só colocar essa preciosa ferramenta na servil obediência da mente e ordenar: "Corta!"

Porém, cuidado! Se resolver cortar seu ex, ou qualquer coisa que considere importante, faça-o friamente para fazer com certeza, porque depois que cortar...tá cortado! É definitivo. Não tem volta.

Falei dessa história para uma amiga cheia de "fios emaranhados⅕". Ela disse que já se livrou da saudade tirânica do ex e das frustrações e dores da separação. Gostou do resultado. Depois disso já "picotou" mais da metade da família manipuladora, já se livrou de boa parte dos amigos falsos e colegas invejosos e nem enxerga mais os fofoqueiros da sua rua. " Menina... - confessou-me ela - eu nem percebia que tinha mais fios que uma marionete!"

Quanto a mim, que andava devagar por estar trançada em fios de preocupações e algumas culpas inúteis, passei a tesoura em tudo que me puxava pra baixo e sai andando. Pra frente. Claro.

suzete piovesan
Enviado por suzete piovesan em 17/08/2015
Reeditado em 16/08/2024
Código do texto: T5349479
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.