SEM FRESCURA

Não nego a cultura, o preparo, a intelectualidade de ninguém. O que não aguento são os textos chatos, cheios da chamada masturbação sociológica, herméticos, eivados de firulas desnecessárias e de tediosos arrodeios para explicar o óbvio ululante.

Por outro lado, causa-me repulsa a mania de demonstrar sapiência, falar de coisasque o comum dos mortais não entende. Se pelo menos esse tipo de pretensioso escrevesse apenas para a sua patota, tudo bem. O amostrado tem que limitar sua chateação aos seus colegas. Mas os leitores comuns não suportam essa gabiolice chata e tediosa. Não há nenhuma necessidade de linguagem empolada, português ultra castiço, burocrático, chato, exibicionista, uma linguagem que há muito tempo foi substituída pela coloquial.

Graciliano Ramos, um dos nossos maiores escritores, quando revisor do Correio da Manhã, tinha horror à linguagem empolada e até a palavras não tão esquisitas. Um dia revisando o texto de um acadêmico da ABL se deparou com a palavra outrosssim, detestava esta palavra, não teve dúvidas, riscou de lápis vermelho e escreveu na margem: "Outrossim é a puta que o pariu!".

Dane-se o texto empolado. O que se quwer é um texto sem frescura. E priu.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 17/08/2015
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