Com a macaca
Morreu, aos 55 anos - certificados - o mais matusalêmico orangotango de que se tem noticia. Vivia em Miami, no zoo, lógico, e era uma fêmea, na semelhança do que ocorre com a parentela humana, em que as fêmeas têm quase sempre a vida mais longa.
E essa longeva personagem, embora nada falasse, e muito fizesse que cativava, atendia pelo nome de Nonya - que na linguagem malaia quer dizer Senhora.
A vida na selva eh sempre mais curta - ainda que possa ser mais curtida - para os animais, pois ali, in natura, estão sujeitos aos elementos, que abundam, e aos alimentos, nem sempre à mão, muito embora, os quatro membros de um orangotango - que quer dizer, em língua malásia literalmente, homem da floresta - sirvam para trepar, balancar, apalpar, escolher, e colher.
E mais leves e ágeis que os machos, as fêmeas tendem a ter uma vida mais aérea, de galho em galho. Se morreu de nostalgia, Dona Nonya teve tempo à beça pra se lembrar, folha por folha, de sua vida florestal, do apego à mãe, das primeiros flertes, da cobiça dos machos e da implacabilidade das motosserras. Mas serah que se sentia mais feliz ao lado do Don Johnson, aquele guapo do Miami Vice?