"COLESEUPNEUAQUI
“Arlindo, eu já mopiei aí”. Eu estava no supermercado fazendo aquelas compras feias, comida para cachorro, vinagre, sal, sabão em barra, água sanitária, creolina... quando aquela frase me chamou a atenção. Os dois, entretanto, foram logo se afastando de mim. Mopiando provavelmente! Paguei as compras e fui para casa.
Mopiar! Mopiar? Mopiar!!!! Não houve jeito, aquela forma verbal não saía mesmo da minha cabeça. Pronto, está aqui: mop - esfregão, pano de chão, equipamento de limpeza. Por extensão, na língua inglesa, vai aí um to mop - “esfregar”! Mas com a ajuda da nossa imaginação fértil, traduzindo para o português, resultou em mopiar! - Céus! Quer um conselho, meu amigo? Deixe para xerocar isso depois, senão você perde o buzu.
Estranhezas à parte, vamos prescrevendo a estricnina dos puristas da Última Flor do Lácio quando construímos formas verbais bizarras: antigamente, se algum chato nos via fazendo alguma coisa e, mesmo assim, perguntava o que fazíamos naquele momento, a resposta vinha travada, desconcertante: “Que estou fazendo? – Ora, estou coisando!”. Não faz muito tempo, me inventaram o tal do aprochegue; parece que foi aqui na Bahia: Olhe, meu rei, se aprochegue, que a casa é nossa.
No passado, flertávamos mais com o francês do que com o inglês: “Minha filha, não quero você namorando o Astolfo; ele é um dândi!” Ou, ainda mais pejorativamente e informal: dandinho!
Hoje, diríamos: “Qual é, filha, metrossexual! Só se for jogador de futebol profissional tipo assim Champions Leangue; aí, sim, pode!”
Texto: Masé Quadros