EU ESTIVE AQUI.
Só.
De novo me sinto só.
Abro um vinho barato, e fico aqui pensando na vida.
Só.
É bom?
É ruim?
Sei lá, depende do dia.
Têm dias que pago pra ficar só, e em outros pago por ter companhia.
Morei só por mais tempo de vida do que com companhia, então meio que me acostumei, mas atualmente tenho uma companheira falante, minha mãe.
E minha mãe é muito falante, como eu, e de repente me deparo com a constatação de que os genes dela estão em mim, sou também uma falante.
Não sei bem se o fato de morar só por muito tempo, ou se são os genes de minha mãe, mas o certo é que falo sozinha, e quando canso, escrevo pra ver se alguém me escuta – lê.
É uma necessidade latente de me inserir no mundo de alguma forma, obrigar alguém a saber que eu estou aqui, que algum dia pensei de determinada forma.
O que isso pode mudar o mundo? NADA!
Mas me fiz presente, e ao me fazer presente, te presenteei com minha presença, falante, irritada, triste, magoada, feliz, contente, pensativa, enfim, eu estive aqui.