O Retrato de um beijo

Então seus olhos estranhos se reconheceram

Toda a certeza se confundiu e ruborizaram

A pele se arrepiou com um estranho frio no peito

E suas mãos se tocaram em pequenos choques elétricos

Magneticamente seus rostos se atrairam

Uma face deslizou lateralmente pela outra

Os olhos se fecharam, anulando todo excesso

Só havia os dois em um mundo sensorial a ser descoberto

Ainda que o contato fosse fisico, a ansia de se pertencerem era espiritual

Como se pudessem devorar um ao outro, trazendo o outro para dentro de si mesmo

E suas bocas se tocaram, enquanto se buscavam

A respiração ofegante de quem anseia

As linguas que valsejam e se enlaçam

Como se desejassem amarrar suas almas

O coração disparado e em alerta

Preparado para ser surpreendido e surpreender

Como um jogo de ação e reação

Os poros dilatados e a sensibilidade desperta

O tempo ao redor, agora, imóvel

O espaço, uma tela em branco

Sendo desenhada a cada novo gesto

E naquele beijo, um velado acordo de esperança

Na qual assinaram com o próprio corpo

Esse encontro não precisa de rima

Ele é a própria poesia

Fernando Paz
Enviado por Fernando Paz em 15/08/2015
Código do texto: T5347166
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