Não sou metade, sou inteira demais,

Eu não espreito a vida pelos vãos das portas, não fico à espera de um aceno, de um abraço, de um sorriso. Aceno para as pessoas sem medo, abraço de forma direta quem eu amo e dou muitas gargalhadas, vivo da forma mais atrevida possível. E quando amo? Doou-me por inteiro, não sei viver pela metade, nem me envolvo em pensamentos e julgamentos alheios, pois cada um escolhe a sua porção na sua maneira de viver. Caminho na minha existência por inteiro, as metades e os meios não me interessam. As metades não me complementam, pois são ,exclusivamente, parte de alguma coisa ou de alguém. Sou desobediente às situações em que considero sem ética, erradas, autoritárias e sem diálogos, mesmo que isso me cause muitas agonias. Mas, elas duram pouco, pois gosto de olhar a vida de forma franca e desigual. Assim como amo de forma integral, também deixo de amar na forma total, vou embora muitas vezes sem olhar pra trás. Mesmo amando muito, vou embora aos pedaços, vou fragmentada, espero o tempo, o silêncio, as leituras e as músicas me curem. Sei que todas as pessoas que amam assim, não sabem perdoar, não mendigam, nem pedem nada. O amor que elas dão é intenso, voraz e parece um temporal que vai destruindo tudo ao redor, então quando termina, não deixam nada, além de destruição. Por isso, vou embora, não sei sobreviver, somente sei viver no formato total: as migalhas não me interessam, os restos são para os necessitados, as sobras são para as pessoas que vivem no passado ou no futuro, já eu vivo o agora e na configuração inteira. É Assim sou, sinto por ti, baby, que não soube me ver.

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 15/08/2015
Reeditado em 06/09/2024
Código do texto: T5347047
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