Os galos e os gargalos
Diversas modas existem ao nosso tempo e ao nosso redor. A moda da alta costura, do vestir feminino e do vestir masculino. Moda dos hábitos e das manias. Moda do vestir e moda do consumir. Moda administrativa de organizações nos recursos humanos, financeiros, materiais e de capitais. Modas que vão de encontro aos pecados capitais.
Chamadas em capas de jornais identificam os gargalos do sistema de saúde. Com a aproximação da Copa de 2014 diversos gargalos são identificados. Gargalos que podem comprometer a mobilidade urbana e a segurança de turistas e atletas. Com intervalos de alguns anos identificam o gargalo da seca no NE, gargalo da oferta de água, gargalo da fome, gargalo de recursos e gargalos de vontade política.
A palavra da moda administrativa é o gargalo, e a expertise do momento é identificar os gargalos e buscar soluções. Gargalos da produção de bens e de serviços, uma visão de que todo processo administrativo tivesse que ser como um copo ou uma jarra, que ao despejar os líquidos contidos, estes saíssem por gravidade com absoluta facilidade. E não como uma garrafa que possui um gargalo que diminui a velocidade e o volume do líquido fluindo do seu interior. Já não basta que o líquido, retido, contido, tome a forma do frasco, ele precisa sair com a fluidez desejada.
A cada identificação de gargalo há um galo oferecendo uma solução. O galo representa o início de um novo dia. A direção a ser seguida nas rosas de vento sobre as casas. A missa do Galo realizada pelo Papa na noite de Natal dá o direcionamento ao ano que se anuncia. Administradores cantam de galo para dar sentido ao galinheiro, das poedeiras em série. O livro universal diz que Jesus falou que seria traído antes do galo cantar. A morte de Jesus foi salvação para alguns e solução para outros.
Uma anedota fala sobre um forasteiro que chega a uma cidade e encontra uma rinha de galo. Intencionado em ganhar algum dinheiro procura quem pareça ser conhecedor dos animais e pergunta qual o galo bom. O caiçara aponta para o galo bom e o forasteiro aposta uma boa quantia no galo indicado pelo caboclo. O forasteiro perde a aposta e questiona o caboclo, mas você não falou que aquele era o bom?. O caboclo responde: E é mesmo, o outro que é muito mau.
Antes das garrafas os líquidos eram transportados em barris, vasos e bolsas de couro que não seguravam o gás. Então surgiu o gargalo para diminuir o derramamento de líquidos e facilitar o aprisionamento dos gases com uma tampa mais compacta.
Conforme o momento, as estratégias logísticas precisam ter ou não ter gargalos. Com leite conduzido em bolsas de couro descobriu-se o iogurte. Garrafas com mensagens atravessaram os mares, salvando náufragos e levando mensagens secretas.
Cabe-nos saber identificar, o que e quem é bom e o que e quem é mau ou mal e escolher o que melhor atende as nossas necessidades e modelos. Não há necessidade de modelos importados com nomenclaturas alheias ao nosso vocabulário.
O Brasil possui idade, história e cultura suficiente para desenvolver seus modelos táticos e estratégicos. Hoje vivemos momentos líquidos onde tendências ideias e modelos misturam-se com facilidade. E o Brasil já é miscigenado historicamente.
JH
Parnamirim/RN - 28/04/2013 Roberto Cardoso (Maracajá)
Publicado no Jornal de Hoje
29/04/13 - Natal/RN
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