O VÍCIO DA ESCRITA

Concordo que escrever é um prazer, mesmo que o escrevinhador seja,, como eu sou, um mero caçador de ticacas. Escrever talvez seja em alguns casos uma espécie de cano de escape, uma maneira de driblar a mesmice do cotidiano, uma forma de desabafo ou, quem sabe, uma necessidade de afirmação e uma fuga.

Mas no meu caso particular, além de ser uma atividade que me faz esquecer um pouco os problemas do cotidiano e a asma crônica, virou um vício. Sim, um vício, não passo sem escrever. E tome besteira num caderno escolar que meu neto digita no computador. A mim não importa que minhas maltraçadas não tenham nenhum mérito literário e que não seja alvo de muitos leitores. O que me importa mesmo é escrever, escrever seja lá o que for. Sem receita, sem planejamento, sem maiores cuidados, sem também o tal "lampejo". Pego a esferográfica, dou preferência as mais fuleiras e sem marca, e escrevo o que me vem na telha, reclamações, confissões, desabafos, recordações e ruminações políticas, além do etc e coisa e tal.

O mais difícil na escrita, entendo, é o começo do texto. É a chave da ignição. Depois de dar a partida a gente se vira. Sobre o começo do texto lembro sempre um trecho do livro "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carrroll: "O Coelho Branco colocou os óculos e perguntou: - Com licença de Vossa Majestade, devo começar por onde? - Comece pelo começo - disse o Rei, com um um ar muito grabe - e vá até o fim. Então pare". Um conselho arretado.

Repito: escrever para mim é um vício. E priu.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 14/08/2015
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