DAS MENTIRAS EM QUE ACREDITAMOS

Na cidade usualmente quente, chovia. 15 graus, onde, normalmente, faz 28.

Não que a chuva e o frio fossem o prenúncio de uma noite triste. Chuva é bom. Frio também. O problema era a realidade infalível das decepções cotidianas.

No caminho pra casa, pensou em como o mundo debocha das nossas fórmulas, das nossas tentativas de felicidade, e como o acaso zomba da nossa cara. E a realidade sempre aparece pra te dizer que você é só mais um merdinha do qual ninguém, a não ser sua mãe, vai lembrar depois.

Afinal, apesar do seu esforço diário, você ainda não fez nada de importante. Não construiu absolutamente coisa alguma. Não saiu do lugar. Não evoluiu em nenhum sentido da sua existência. Não consegue quebrar a inércia que o mantém preso ao agora.

Quando tudo na sua vida é negatividade, resta, apenas, implorar ao acaso que, em meio ao viver decepcionante, eventualmente surja algum momento de felicidade.

É triste constatar que suas capacidades e habilidades não são suficientes pra fazer de você alguma coisa melhor do que é agora e que a maioria dos seus momentos de júbilo são fruto da imprevisibilidade das coisas. Porque aquelas que podem ser previsíveis e palpáveis, jamais serão alcançadas de maneira natural e espontânea, de modo que não importa o quanto de energia você possa dispender naquele objetivo, sempre haverão pessoas melhor preparadas para alcança-lo no seu lugar.

É a realidade te mostrando que é melhor se contentar com uma vida de mediocridade e sem grandes realizações.

Seus talentos são insuficientes e seus esforços não compensam sua falta de capacidade.

É a pós-modernidade jogando você no fundo do poço. É o sucesso estampado na cara dos seus semelhantes zombando da sua falta de habilidade social. É a capacidade intelectual dos seus competidores esfregando na sua fronte que você não é suficiente.

E o quão triste isso tudo pode ser?

As decepções cotidianas serão tristes na mesma medida em que são altas as expectativas. Conforme-se, você é um nada.

Daniel Euzébio Pinheiro
Enviado por Daniel Euzébio Pinheiro em 12/08/2015
Código do texto: T5343590
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