FIAPO QUALQUER
Vi uma foto minha com 7 anos.
Fico pensando o que passava naquela cabeça,
quais eram os acordes que empurravam seus sonhos,
quanto impulso estava sendo aquecido
para seguir em frente,
Fico pensando naquele moleque no seu Grupo Escolar,
na Vila Clementino, São Paulo,
entrando na briga da vida todo desarmado,
todo malabarista, tateando cada
pedaço do seu chão pra ver se dava pra pisar.
Fico pensando se ele imaginaria que, 50 anos depois,
ele mesmo se olharia emocionado e feliz.
Mal imaginaria o tanto que seria revirado
na sua alma para esta aventura de meio século.
Daquele mundo de 1964 pouco restou em mim.
Aquele menino se fez homem, se fez pai.
Se pudesse voltar a ficar atrás daquela bandeirinha
do Brasil e fosse recomeçar a jornada,
não procuraria outros atalhos, não mesmo.
Faria tudo de novo, sem mudar um fiapo qualquer.
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