O SUSTO (Leandro Alves Pestana)

Tomei um baita de um susto

Não esperava receber essa notícia

Não estava preparado

Mas dizem que é assim

Quando tem que ser

Não há como escapar

Tudo está traçado

Uma hora chega e bate a sua porta

Confesso que fiquei pensando

Porque justamente comigo?

E tinha que ser desse jeito?

Numa forma tão silenciosa, sem fazer alarde

Não postaram nenhuma foto, nada no whats

Face, muito menos, nenhuma rede social

Nenhum tipo de alvoroço

A notícia não correu como tem que correr

Não deu na rádio, não publicaram no jornal

A notícia veio em forma de carta

Em um envelope um tanto quanto desbotado

Eis que abro, receoso, pois há muito

Não recebia uma correspondência

Uma folha amarelada, talvez pelo tempo tardio

E nela apenas uma frase: - Tudo está bem!

Percebi que naquela ansiedade

E curioso em saber do que se tratava

Não me preocupei em ver quem era o remetente

Voltei rapidamente ao envelope já rasgado

E com um pouco de dificuldade consegui ler

Qual minha surpresa, lá estava escrito

Remetente: - O BOM SENSO!

No dia de hoje, quantos nasceram?

Quantos venceram?

Quantos superaram uma doença?

Quantos foram correspondidos no amor?

A quantos você colaborou para que tivessem um pouco mais de felicidade?

A quantos você disse: - Tudo está bem?