Desespero
Uma lágrima tímida percorreu seu rosto. Sozinha no quarto, Gabriela sabia que era preciso tomar uma decisão. Sentia-se perdida em meio a tantos pensamentos confusos. O que mais queria naquele momento era o ombro amigo de sua mãe e os conselhos sábios que ela sempre lhe dera. Infelizmente, já não os tinha mais.
Ergueu a cabeça, levantou-se da cama e foi à janela tomar um pouco de ar, na esperança de um vento qualquer trazer junto com seu frescor uma direção, uma luz, qualquer coisa que pudesse ajudá-la naquele momento tão doloroso. Nada aconteceu.
Lá fora o tempo estava seco. Nenhum galho das poucas árvores que havia ali balançava. Em vez disso, apenas um tempo parado. Inerte. Alheio aos sentimentos confusos daquela pobre menina de 16 anos, grávida, semi analfabeta e cheia de sonhos frustrados.