XERÉM COM GALINHA GUISADA

Quando vou a Pesqueira a primeira coisa que exijo - não sou de exigir nada é só uma exceção - é que façam um xerém com galinha caipira guisada para eu me regalar. E o xerém tem que ser daquele grosso vendido no mercado, nunca o industrializado dos supermercados. Quanto à galinha tem que ser caipira.

Quem não é do sertão, principalmente os comedores de pizzas e hambugueres do Recife, come a galinha de granja ou o galeto como se fosse galinha caipira, e o xerém industralizado como se fosse aquele grsso e gostoso. Não faz diferença, mas para mim faz, e muita. O xerém com guisado de galinha caipira faz parte dos sabores da minha infância e adolescência. É claro que antes e durante a degustação dessa iguaria ou manjar dos deuses, tomo umas lapidinhas de Pitu Gold. O xerém tem que ser feito na penela de barro, e no final ainda raspo o cororó com um pouquinho do molho do guisado.

Não, não me importo que me chamem de matuto, inclusive ainda pego as coxas, asas, sobrecoxas e pés da galinha com a mão, e como o xerém com uma colher. Costume antigo, arraigado, sou zero em etiqueta social e bons modos. Como da maneira que quero e priu. Depois tomo um cálice de licor de jenipapo, um cafezinho, deito numa rede branquinha, ao som de uma musiquinha de dalva de Oliveira e durmo como um justo. Não tenho, pasmem, asma. Nem me lembro dessa peste. Sei que sou antissocial. Graças a Deus. Viva xerém com galinha caipira guisada.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 09/08/2015
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