#ABOCADOLIXO
"Se podes olhar, vê. Se vê, repara". (José Saramago).
“Entre as variadas espécies de palmeiras da Amazônia, o buriti é das que apresentam mais elegantes e belos espécimes... o buriti é de linhas tão nobres e tão poéticas no seu todo que entre elas se salienta”.
(A. Lustoso, Arcebispo do Pará, 1930)
O buritizeiro é uma das maiores palmeiras da Amazônia, possuindo de 30 a 50 centímetros de diâmetro e de 20 a 35 metros de altura. Oferece um fruto nutritivo importante para as pessoas e animais da região, porém quem andar na grande cidade de Manaus e seus arredores, poderá deparar com essa magnifica palmeira agonizando por entre homens, asfalto, e os resíduos gerados pelo mesmo, mas essas imagens chocantes parece abalar a poucos.
Você já contemplou uma paisagem de veredas. As veredas tem um papel de suma importância na distribuição dos rios e seus afluentes, na manutenção da fauna do cerrado, abrigando várias espécies de aves e também atua como refúgio, fonte de alimento e berçário para a reprodução de espécies da fauna terrestre e aquática. E mesmo que seja de tamanha importância, as veredas tem sido severamente castigadas pela ação desrespeitosa e criminosa do homem.
O homem sempre em primeiro lugar, e nem se dá conta que vai receber a conta, e que poderá pagar um preço alto, talvez com a própria vida.
Quando nos aproximamos da periferia é triste demais de se ver essas áreas devastadas, antes campo sagrado de nossa palmeira mais elegante, agora campo castigado pela dengue e malária, crianças que ali se banham sem a menor noção do perigo. Os seus frutos nutritivos já não servem como alimento para ser consumido pela população.
Essas paisagens quando em seu estado natural são sombrias e em suas proximidades tem sempre água fresca para saciar a sede. A paisagem de vereda é um lugar agradável para os olhos e faz bem para a alma, porém quando é que os moradores e o poder público que atua na Cidade de Manaus voltarão os olhos para esta nossa riqueza que pede socorro em meio ao espantoso e quente asfalto. Vamos exigir que nossas autoridades vejam e enxerguem a tamanha atrocidade que se passa nessas paisagens de veredas onde a vida pede passagem.
Um dia o nosso povo talvez nem mais possa contemplar essa beleza natural, e cheia de vida, quem sabe ainda conhecerá esses frutos, mas apenas em alguma gravura de um livro escolar, onde não poderá sentir o sabor exótico de sua polpa. É inevitável que as cidades avancem e abriguem os seus moradores, mas de maneira ordenada e descente onde homem e meio convivam em harmonia, respeito é a palavra chave para que ambos possam sobreviver. E não esqueçam que sem água nada pode florescer, porém a necessidade de conter essa agressão absurda é de tamanha urgência.
A hora é agora, pois o futuro é duvidoso e amanhã pode ser muito tarde para todos nós.