DIA DOS PAIS
(Homenagem póstuma)
Chega a doer aqui dentro, trazer à lembrança a fortaleza da figura paterna em cenas de minha infância e juventude!
Não tinha diálogo conosco, pelo excesso de austeridade, porém cantarolava para nós, de modo quase maternal , quando à noite, ao chegar em casa, nos acalantava no colo, mesmo depois de grandinhos, e nos embalava para dormir ou passeava pela casa com um a um sobre seus pés, até percorrer a roda de filhos que o esperavam ansiosos, pensando quem seria o próximo a ser embalado. Mais tarde, o mesmo ritual ele dedicou aos primeiros netos, pois infelizmente ele não teve tempo para conhecer os demais.
Não trazia nunca uma novidade, um assunto qualquer pra casa, seu silêncio dizia mais, e nós, se comentávamos qualquer coisa sobre algum conhecido, amigo ou colega, independente do assunto, ele nos recriminava: - cuidem de sua vida e deixem a dos outros!
Entretanto, ele próprio era uma novidade a cada dia, seja quando sorria largo diante das peraltices das crianças, principalmente dos netos, ou quando nos acompanhava aos bailes (só podíamos ir com ele ou com alguma pessoa madura de sua confiança!), em nossa juventude, e dançava com minha mãe, numa leveza de pluma, contornando felizes toda a pista do salão, mas aproveitando para vigiar as filhas dançando, porque não nos aceitava dançar “de rosto colado”. Ou ainda, a cada Dias das Mães, ele sempre se emocionando com nossas homenagens â mamãe e dizia, entre lágrimas:
_ Gente, não existe palavra mais bonita nem mais doce do que “mamãe!”
Sinto falta de seu abraço, de suas mãos fortes, mas de pele tão fina, de seu colo, de seu sorriso entre lágrimas, se emocionando por qualquer carinho, ou por receber algum elogio de amigos ou professores sobre seus filhos.
Sinto falta de vê-lo falar pelo olhar, de tremer as pernas de medo e respeito ao pedir-lhe qualquer coisa, de sua preocupação em nos dar estudo: sempre dizia que isso seria a sua melhor herança para nós, porque sonhava ver os dez filhos formados, profissionais competentes e respeitados.
Obrigada, Papai, por tudo o que você foi e continua sendo na minha vida e de toda a nossa família: a referência, o amor, o respeito, a dignidade, a fortaleza, o trabalho incansável, a fé inabalável, a honestidade. Não há dinheiro nenhum que pague a grande escola que você foi para cada um de nós!
A você, hoje e a cada dia, meu reconhecimento, gratidão e amor eternos. Deus lhe retribua, em felicidade eterna no céu, todas as alegrias e motivos de orgulho que você foi para nós, aqui na terra.
No Dia dos Pais, o presente sempre foi nosso, de seus filhos! Afinal, Deus caprichou demais ao escolher você para representá-LO entre nós! Obrigada, Senhor!