João Belizário de Souza, meu pai
É domingo – para ser mais preciso, segundo domingo de agosto de 2015 –, é Dia dos Pais. E, por ser Dia dos Pais, quero com esta que é mais uma das minhas insignificâncias literárias prestar homenagem a um homem especial, João Belizário de Souza, meu pai. Quero homenagear o homem que me gerou e, bravamente, honestamente, sofridamente, mas, acima de tudo, honrada e alegremente me criou.
Era simples, muito simples; pobre, muito pobre e não sabia ler nem escrever, mas, a despeito disso tudo e muito mais, era sábio, honesto, trabalhador, admirável. Era imperfeito?... Sim, ele o era (como todo ser humano é); era, contudo, um homem extraordinário: não posso jamais esquecer o seu exemplo. Não vou jamais deixar de admirá-lo e de sofrer pela sua ausência, como sofro agora com as lágrimas incontidas a descerem pelo canto dos olhos, tal qual tantas vezes me tem acontecido e haverá de acontecer ao longo dos meus dias sobre a terra.
Choro o choro inconsolável, qual o choro de Raquel por seus filhos, porque ele já não existe no plano físico: foi chamado pelo Senhor, Criador e Mantenedor do Universo no dia 20 de janeiro de 2007, quando, aproximadamente, às 15h30, faleceu de morte natural, antes de completar 72 anos de idade. Falo do velório dele na crônica “Ab imo pectore, meu pai”, já perenizada pela publicação em livro. É tudo que posso fazer por ele – e o faço como muito gosto e muita honra –, não obstante o repute muito pouco.
Quando criança e adolescente, admirando os grandes escritores e desejando ardentemente segui-los, imitá-los, acalentava o sonho de escrever um texto muito lindo, que fosse o texto mais lindo independentemente de ser em prosa ou em verso, no qual descrevesse a castanheira, a Bertholettia excelsa. Jamais consegui fazê-lo, porque tudo que produzi achei inexpressivo e rejeitei: joguei fora, destruí. Com o tempo, esqueci isso, deixei de mão, perdi o interesse.
Pois bem. Tenho hoje a mesma sensação em relação a meu pai e, conquanto não jogue fora o que escrevo, sempre reputo inexpressivo o que produzo a seu respeito. Aliás, eu falo disso no fim da crônica “Ab imo pectore, meu pai”. E é verdade. Há, porém, uma diferença: perdi naturalmente o interesse juvenil de falar sobre a castanheira, jamais perderei, contudo, o interesse apaixonado de falar sobre o meu pai!
A morte o levou, eu sei, mas ele estará sempre comigo ao longo da minha vida na terra, na minha mente e no meu coração de filho agradecido. A morte não o tirará jamais de mim, senão quando também me levar, no tempo devido, a prestar contas ao Criador! Eu creio nisso, embora respeite a quem não crê. Matéria de fé é matéria de fé. Viva João Belizário de Souza, meu pai!
Fecho com as Escrituras Sagradas, autoridade maior para todo aquele que crê: “Ouve a teu pai, que te gerou, e não desprezes a tua mãe, quando vier a envelhecer” (Provérbios 23.22). “Audi patrem tuum, qui genuit te, et ne contemnas cum senuerit mater tua” (Proverbia 23,22). “Listen to your father, who gave you life, and do not despise your mother when she is old” (Proverbs 23:22).