AO MEU PAPAI!
Kid, Branquinho, seu Euclides, seu Ocrid, enfim papai!
Nos últimos anos de vida estava sempre sorrindo, sempre com uma brincadeira, com algumas balas no bolso prontas para quebrarem qualquer carranquice. Ele sofria de lá com os efeitos de mais de 60 anos de cigarro e quase isto de cachaça e eu corria de cá. Embora tivessem sido muitos problemas de saúde no final ele estava bem, nem parecia quem quase amputou os pés por problemas de circulação. Mesmo nos momentos mais difíceis fazíamos diversão.
Então o dia chegou e ele partiu no início de 23 de outubro de 2004, parece que foi ontem, estive com ele no final do dia anterior e ele chorou dizendo que estava com medo, então confortei-o e nos despedimos, eu prometendo voltar no dia seguinte.
Fico imaginando se não tivéssemos nos reconciliado depois de algumas brigas por intransigência mútua, hoje eu estaria chorando e com remorsos incontroláveis.
As vezes fico chateado quando lembro daquelas manias que ele tinha de sempre estar dizendo que o que não era nosso, não era, se quiséssemos ter que trabalhássemos.
Lá pelos anos oitenta eu perguntei para ele sobre candidatar-me a um cargo político e sem cerimônia ele respondeu que não votaria em mim, perguntei o porquê e ele disse que não confiava em políticos. Continuei, insisti perguntei se ele não confiava em mim, hoje sim, mas se fores eleito será igual a todos eles, então perderei a confiança.
Espero não tê-lo desapontado. Papai ainda tenho algumas meias daquelas que me presenteasse, dos teus presentes favoritos.
Feliz dia dos pais para todos nós e que possamos confiar em nossos filhos, principalmente por terem aquilo que é seu e pelo que lutaram e lutam!