Pais presentes, pais imortalizados

Ao refletir sobre o dia dos pais, recordei alguns momentos inesquecíveis ao lado do pai de meus filhos. Alguém que deixou muita saudade em todos nós, mas com certeza deve estar feliz nos braços de Jesus. Pois o amor que plantou em sua família jamais será esquecido, principalmente no coração dos filhos.

Às vezes, em nossa correria, esquecemos que os momentos são únicos, que por mais repetitivos que sejam os gestos de carinho, em nenhuma ocasião eles serão sentidos da mesma maneira. Isso devido nossas emoções , ou a forma com que demonstramos nossos sentimentos.

Lembro-me muito bem de quando meus filhos eram pequenos. Eu acordava cedo, preparava o café da manhã com muito carinho e arrumava-os para que fossem à escola limpos e cheirosos. Como sempre trabalhei muito, poucas vezes tive o prazer de levá-los até a escola. Foram raras as vezes que assisti reuniões de pais. Pois sempre era o pai deles quem fazia meu papel e o dele na escola. Porém, nunca deixei de olhar os cadernos das crianças. Nunca dormi sem abraça-los , beijá-los , e, principalmente, de perguntar como tinha sido o dia de cada um. E assim cresceram, compartilhando acontecimentos

Algo que lembro claramente, e que nunca vou esquecer, é que todos os dias antes de irem à escola, eu os beijava . Algumas vezes nas mãos , outras vezes na testa. Eles adoravam o selinho na mão. Essa era uma maneira de dizer que eu estava com eles, mesmo sem poder acompanhá-los na escola.

Um dia, aconteceu um imprevisto e tive que sair às pressas para o trabalho, não houve tempo para despedidas, para os beijos e abraços. Nesse dia minha filha, que na época tinha seis anos, fez birra e acabou chorando na escola. Sem entender direito o motivo da birra, seu pai beijo-lhe as mãos, o rosto. Mas ela não parava de chorar. A professora, preocupada, perguntou o que havia acontecido, pois ela sempre entrava animada na sala. Foi então que meu esposo explicou à professora o motivo do choro: naquele dia eu não tinha beijado sua mãozinha. E ela estava sentindo a falta do meu beijo.

Naquele dia tínhamos acordado um pouco mais tarde e todos estávamos atrasados. Eu para meu trabalho e as crianças para a escola. Por isso na correria eu não havia lembrado do gesto que eu sempre fazia: Beijar um a um, mesmo que estivessem dentro do carro.

Ao saber disso fiquei triste, mas não me senti culpada por não ter acordado cedo, como eu sempre fazia. Lamentei seu choro e nunca mais deixei de beijá-la , mesmo que eu estivesse atrasada para o trabalho. Embora eu também achasse que ela precisava aprender a conviver com frustrações. Talvez aquele fosse seu primeiro desencanto. Com certeza ainda iriam existir outros, como de fato aconteceu um bem pior: o adeus ao seu pai. O adeus ao homem que a mimava com doces e brincadeiras, que chorou ao vê-la nascer, que dava muito amor aos seus filhos mas cobrava deles o respeito , a disciplina na escola e o estudo .

Algum tempo depois refleti sobre nossa vidinha naquela casinha humilde de bens materiais ,mas rica de amor. Sempre agradeço a Deus pelo esposo que tive, pelo pai de meus filhos, que tantas noites possou acordado ao meu lado , quando as crianças adoeciam na madrugada. Às vezes sinto falta de pequenos gestos, dos mais simples.Seja do abraço ao sorriso. Pois acredito que sejam eles que marquem nossa história aqui na terra.

Foi com o selinho diário na mão de minha filha e o beijinho na testa dos meus dois filhos que percebi a grande importância de sermos presentes na vida de nossos filhos.E que pai e mãe têm as mesmas responsabilidades com seus filhos. Embora um não substitua o outro pelo fato de cada um ter seu papel no lar e na vida dos filhos. Mas na falta de um ficará responsável o outro pelo bom andamento da família. Vale ressaltar que nenhum deve querer tomar o espaço do outro no coração dos filhos. Cada um é único no seu papel ,O que vão fazer a diferença são as ações recheadas de amor, respeito e carinho, elas sim, com certeza tornar-se-ão inesquecíveis, imortalizando pai e mãe no coração de cada filho, cada um a sua maneira e a seu tempo.

Dedico esse texto ao meu esposo( in memoriam) por ter sido pai e mãe de nossos filhos em muitas ocasiões importantes .

Lu

Lucineide
Enviado por Lucineide em 09/08/2015
Reeditado em 09/08/2015
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