DOMINGO NA REDENÇÃO
Neste próximo domingo, o segundo de agosto, iria até a casa de meu pai de 114 anos e o tomaria no colo. Abraçaria ele firmemente, até que sentisse relaxados os músculos do pescoço, dos ombros, das costas, dos braços... esses músculos que, retesados, o ajudaram a criar onze filhos. Afagaria seus cabelos brancos, beijaria seu rosto enrugado e o convidaria a dar uma volta pela Redenção.
Neste próximo domingo, segundo de agosto, eu me dedicaria a fazer exatamente isso: passar o dia todo com meu pai na Redenção. Estacionaria na João Pessoa, ajudaria ele a descer do carro, tomaria sua mão e caminharia com ele rumo ao zoológico que desativaram anos atrás. Lá, olharíamos, de mãos dadas, os macacos travessos, as araras barulhentas, os sagüis desconfiados, os anos todos que ficamos sem conversar. Compraríamos pipocas para jogar no lago e olharíamos os peixes devorá-las num salto magistral para fora de seu mundo aquático. Esvaziaríamos o restante do saco de pipocas pelos caminhos do parque e ficaríamos observando as pombas em seu frenético bicar.
Ao entrar no “pedalinho”, prestaria atenção na alegria dos olhos dele, pelo simples fato de estar comigo naquele segundo domingo do mês de agosto.
Almoçaríamos um cachorro-quente a caminho da estação do trenzinho que percorre o parque. Limparia com um guardanapo o catchup escorrendo pelo canto esquerdo da boca, enquanto prestasse atenção à narrativa dele sobre como treinou o Duque para ser um competente cão de caça. Eu devolveria a lembrança sobre o dia em que o derrubaram da canoa na pescaria que fizemos juntos e minha surpresa de não vê-lo irritado com a brincadeira dos amigos. Diria o que já sei desde aquele tempo, ou nada diria, porque ele me sabe cúmplice desde então.
Ao cair da tarde, permitiria que ele me tomasse a mão para atravessar a João Pessoa como se eu, menino de quatro anos, nada soubesse de trânsitos, de automóveis, de vida na capital, de vida na vida e ainda precisasse dele.
Neste domingo, segundo de agosto, passaria o dia com meu pai na Redenção, parecido como fizemos naquele dezembro de 1955.
Neste próximo domingo, segundo de agosto, eu me dedicaria a fazer exatamente isso: passar o dia todo com meu pai na Redenção. Estacionaria na João Pessoa, ajudaria ele a descer do carro, tomaria sua mão e caminharia com ele rumo ao zoológico que desativaram anos atrás. Lá, olharíamos, de mãos dadas, os macacos travessos, as araras barulhentas, os sagüis desconfiados, os anos todos que ficamos sem conversar. Compraríamos pipocas para jogar no lago e olharíamos os peixes devorá-las num salto magistral para fora de seu mundo aquático. Esvaziaríamos o restante do saco de pipocas pelos caminhos do parque e ficaríamos observando as pombas em seu frenético bicar.
Ao entrar no “pedalinho”, prestaria atenção na alegria dos olhos dele, pelo simples fato de estar comigo naquele segundo domingo do mês de agosto.
Almoçaríamos um cachorro-quente a caminho da estação do trenzinho que percorre o parque. Limparia com um guardanapo o catchup escorrendo pelo canto esquerdo da boca, enquanto prestasse atenção à narrativa dele sobre como treinou o Duque para ser um competente cão de caça. Eu devolveria a lembrança sobre o dia em que o derrubaram da canoa na pescaria que fizemos juntos e minha surpresa de não vê-lo irritado com a brincadeira dos amigos. Diria o que já sei desde aquele tempo, ou nada diria, porque ele me sabe cúmplice desde então.
Ao cair da tarde, permitiria que ele me tomasse a mão para atravessar a João Pessoa como se eu, menino de quatro anos, nada soubesse de trânsitos, de automóveis, de vida na capital, de vida na vida e ainda precisasse dele.
Neste domingo, segundo de agosto, passaria o dia com meu pai na Redenção, parecido como fizemos naquele dezembro de 1955.