TUDO POR CONTA DE UMA PARTITURA
Ysolda Cabral
Nesse tempo indeciso, estou aqui a refletir no tanto de vezes que estragamos cheios de boas intenções, os momentos de felicidade genuína das pessoas que amamos, ou que nos amam, ignorando totalmente o significado desses momentos para elas.
Foi num dia parecido com o de hoje que, eu e o meu esposo, levamos nossa amada filha Yauanna, ainda bem menina, a uma sorveteria perto de nossa casa, onde aconteciam todas as tardes de sábado, um karaokê infanto-juvenil. Ela, que nunca havia cantado em público, resolveu participar da brincadeira e nós permitimos cheios de orgulho. Eu, mais ainda, por saber que ela cantava direitinho, já que cantávamos juntas quase todo dia.
Escolhendo a canção “Catedral” de Zélia Duncan, pegou o microfone e começou a cantar timidamente e para minha surpresa muito desafinada. Ao correr em seu auxílio; a inibi, lhe envergonhei e tirei dela toda a alegria daquele momento especial, primeiro e único. Fui criticada e vaiada pela maioria dos pais presentes, menos pelo pai de minha filha, por ser um homem educado e cavalheiro. (Não é porque nos divorciamos, tempos depois, que diria o contrário.) Senti, que ele ficara triste pela filha e mais triste ainda por mim, pois sabia que eu jamais me perdoaria por ter estragado aquele momento especial, mesmo considerando todas as minhas boas intenções.
Lembrando desse fato agora e considerando que, o que estava em questão não era a afinação de sua voz, nem a música e nem nada que não fosse à alegria de uma criança, que vence a timidez e tem coragem de realizar um sonho, por mais simples e bobo que ele possa parecer, sinto o meu coração ainda chorar de tanto arrependimento.
Eu, com toda a minha sensibilidade e amor de mãe, não consegui alcançar, que a desafinação dela, era advinda da grande emoção que experimentava além do quê, por mais criança que ela fosse, e eu a sua mãe, eu não tinha o direito, nem ninguém tinha, de estragar esse momento só dela, por mais que eu achasse que iria ajudar, independente dela ser criança ou não.
Fiquei de um jeito que ainda hoje não posso escutar a tal canção, que me lembro desse episódio lamentável e me ponho a chorar.
Mas, contudo, todavia, como tudo o que se faz aqui, aqui se paga... Esta semana consegui, inesperadamente, encontrar alguém que, se dispusesse a fazer a partitura, de uma canção de minha autoria, há muito pretendida e nunca realizada, por razões sem nenhuma explicação e/ou entendimento lógico. Tentei várias vezes e sempre alguma coisa dava errada e eu deixava pra lá, mesmo considerando a possibilidade dela ser ‘’tomada’’ de mim, como aconteceu com algumas canções de meu pai.
Confesso que não foi fácil gravar, para que o professor de música tivesse condições de fazer à tão sonhada partitura, devido a forte emoção, o violão, (que não era o meu), e a voz, tão diferente daquela que possuía aos 20 anos, me atrapalharam por demais. Enfim, consegui graças à paciência do professor e de sua ajuda com o acordeão.
- Não lembro de quando senti uma felicidade tão grande, tão grande! Eu iria, finalmente, poder registrar minha canção. Que coisa abençoada!
Ao receber cópia da gravação, quis dividi-la com uma pessoa muito especial para mim e ela, agindo da mesma maneira que agi com a minha filha, também cheia de boas intenções, apontou as falhas da minha cantoria, tentando mostrá-las cantando para mim, imitando a minha voz e eu tomei aquela atitude como deboche, e, dos sorrisos intensos de alegria, fui rapidamente para um mar de lágrimas de tristeza noite afora, perdendo, totalmente, o gosto pela canção e pelo sonho que acabara de realizar.
A canção, letra e música, agora protegida de roubo e de plágio, ( único e exclusivo motivo de querer a partitura), será entregue à minha filha e ela faça o que bem entender dela.
O que importava as falhas da minha voz, do meu violão, na minha própria canção?!... Eu poderia até gravá-la na base do lá, lá lá, ou do assobio!
- Que coisa!
Foi num dia parecido com o de hoje que, eu e o meu esposo, levamos nossa amada filha Yauanna, ainda bem menina, a uma sorveteria perto de nossa casa, onde aconteciam todas as tardes de sábado, um karaokê infanto-juvenil. Ela, que nunca havia cantado em público, resolveu participar da brincadeira e nós permitimos cheios de orgulho. Eu, mais ainda, por saber que ela cantava direitinho, já que cantávamos juntas quase todo dia.
Escolhendo a canção “Catedral” de Zélia Duncan, pegou o microfone e começou a cantar timidamente e para minha surpresa muito desafinada. Ao correr em seu auxílio; a inibi, lhe envergonhei e tirei dela toda a alegria daquele momento especial, primeiro e único. Fui criticada e vaiada pela maioria dos pais presentes, menos pelo pai de minha filha, por ser um homem educado e cavalheiro. (Não é porque nos divorciamos, tempos depois, que diria o contrário.) Senti, que ele ficara triste pela filha e mais triste ainda por mim, pois sabia que eu jamais me perdoaria por ter estragado aquele momento especial, mesmo considerando todas as minhas boas intenções.
Lembrando desse fato agora e considerando que, o que estava em questão não era a afinação de sua voz, nem a música e nem nada que não fosse à alegria de uma criança, que vence a timidez e tem coragem de realizar um sonho, por mais simples e bobo que ele possa parecer, sinto o meu coração ainda chorar de tanto arrependimento.
Eu, com toda a minha sensibilidade e amor de mãe, não consegui alcançar, que a desafinação dela, era advinda da grande emoção que experimentava além do quê, por mais criança que ela fosse, e eu a sua mãe, eu não tinha o direito, nem ninguém tinha, de estragar esse momento só dela, por mais que eu achasse que iria ajudar, independente dela ser criança ou não.
Fiquei de um jeito que ainda hoje não posso escutar a tal canção, que me lembro desse episódio lamentável e me ponho a chorar.
Mas, contudo, todavia, como tudo o que se faz aqui, aqui se paga... Esta semana consegui, inesperadamente, encontrar alguém que, se dispusesse a fazer a partitura, de uma canção de minha autoria, há muito pretendida e nunca realizada, por razões sem nenhuma explicação e/ou entendimento lógico. Tentei várias vezes e sempre alguma coisa dava errada e eu deixava pra lá, mesmo considerando a possibilidade dela ser ‘’tomada’’ de mim, como aconteceu com algumas canções de meu pai.
Confesso que não foi fácil gravar, para que o professor de música tivesse condições de fazer à tão sonhada partitura, devido a forte emoção, o violão, (que não era o meu), e a voz, tão diferente daquela que possuía aos 20 anos, me atrapalharam por demais. Enfim, consegui graças à paciência do professor e de sua ajuda com o acordeão.
- Não lembro de quando senti uma felicidade tão grande, tão grande! Eu iria, finalmente, poder registrar minha canção. Que coisa abençoada!
Ao receber cópia da gravação, quis dividi-la com uma pessoa muito especial para mim e ela, agindo da mesma maneira que agi com a minha filha, também cheia de boas intenções, apontou as falhas da minha cantoria, tentando mostrá-las cantando para mim, imitando a minha voz e eu tomei aquela atitude como deboche, e, dos sorrisos intensos de alegria, fui rapidamente para um mar de lágrimas de tristeza noite afora, perdendo, totalmente, o gosto pela canção e pelo sonho que acabara de realizar.
A canção, letra e música, agora protegida de roubo e de plágio, ( único e exclusivo motivo de querer a partitura), será entregue à minha filha e ela faça o que bem entender dela.
O que importava as falhas da minha voz, do meu violão, na minha própria canção?!... Eu poderia até gravá-la na base do lá, lá lá, ou do assobio!
- Que coisa!
**********
Praia de Candeias-PE
Num sábado de tristeza e de recordação
08.08.2015
**********
E aí chega o Poeta Odir Milaenz da Cunha ( Oklima) e me faz essa surpresa, inspirada na crônica em tela. Obrigada! Adorei!!!
''Estou pensando em pesadelos, nessas passagens que passam por nós sem sequer se prestarem à previsão de avisos... Estou pensando em você...''
PARTITURA
Odir Milanez da Cunha
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Num sábado de tristeza e de recordação
08.08.2015
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E aí chega o Poeta Odir Milaenz da Cunha ( Oklima) e me faz essa surpresa, inspirada na crônica em tela. Obrigada! Adorei!!!
''Estou pensando em pesadelos, nessas passagens que passam por nós sem sequer se prestarem à previsão de avisos... Estou pensando em você...''
PARTITURA
Odir Milanez da Cunha
Ela vivia a vida em seu instante
Mais sublimado, quase infinitivo :
A Partitura, enfim, dela diante,
De tanta vida após, gravada ao vivo!
Quem sabe não seria, doravante,
Poeta e melodista do emotivo?
Não que lhe fosse o feito algo importante,
Mas, tão só, de lembranças ser motivo.
Eis que um escriba ouviu - lhe o augusto canto
E, em contra-canto, ousou-lhe um outro entono,
Ferindo -a, sem querer nem saber quanto!
A Partitura aos braços do abandono...
A Poeta Cantante apresa ao pranto...
Um escriba esquecido sendo outono...
JPessoa/PB
08. 08. 2015
oklima
Sou somente um escriba
Que ouve a voz do vento
E o versa em versos à vida...
(Dedilhando ao celular )
Mais sublimado, quase infinitivo :
A Partitura, enfim, dela diante,
De tanta vida após, gravada ao vivo!
Quem sabe não seria, doravante,
Poeta e melodista do emotivo?
Não que lhe fosse o feito algo importante,
Mas, tão só, de lembranças ser motivo.
Eis que um escriba ouviu - lhe o augusto canto
E, em contra-canto, ousou-lhe um outro entono,
Ferindo -a, sem querer nem saber quanto!
A Partitura aos braços do abandono...
A Poeta Cantante apresa ao pranto...
Um escriba esquecido sendo outono...
JPessoa/PB
08. 08. 2015
oklima
Sou somente um escriba
Que ouve a voz do vento
E o versa em versos à vida...
(Dedilhando ao celular )
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Em tempo: A Partitura foi feita pelo competente e talentoso professor do Conservatório de Música de Pernambuco, Maurício Cezar, que pode ser contatado pelo seguinte endereço: mauriciocezarnt@gmail.com