Tanto mata a fome, quanto a gula.
É perfeito o dito popular "quem nunca comeu melado, quando o come se lambuza", algo assim. A fome mata tanto quanto o excesso de comida. Da mesma forma, o excesso de liberdade pode ser prejudicial ao homem. Parece contraditório e talvez o seja, mas, não deixa de ser fato.
Vejamos nossa situação. Nós, brasileiros das gerações em curso, estamos nos lambuzando no melado da liberdade sem limites. E isso pode ser muito, muito perigoso, já que há em jogo interesses distantes dos anseios populares. Há quem esteja disposto a tocar fogo em tudo se não estiver levando vantagem.
Exemplos disso podem ser vistos não só na política, onde é bem clara a intenção de pessoas como Aécio neves e Eduardo Cunha, que não estão nem um pouco preocupados com a situação do país, mas agem abertamente no sentido de dificultar mais ainda a situação do governo federal, que já não é boa. Esses dois, por exemplo, acostumados com o "melado" desde criança, sabem bem como não se lambuzar. Pelo menos, sabem como fazer com que as pessoas não percebam a gravidade de seus erros. Apontam firmemente os erros do outro. Gritam, xingam, batem, "cheios de moral"...
O problema é que, diante da situação complicada em que se meteu o governo de origem popular, sem experiência com o melado e infestado de ladrões, o que esses oportunistas dizem é facilmente aceito como irrefutável verdade.
O povo, que nunca gostou de pensar, deixa que eles pensem em seu lugar e, entorpecido pela ilusão de uma liberdade sem limites permitida pela falta de conceitos vigente, assina cheque em branco ao portador, já que não conhece a verdadeira intenção dos que convocam os panelaços e as manifestações. Se sente livre por poder gritar nos espaços sociais midiáticos, sem mostrar a cara. E grita, xinga, abusa do direito à voz, tão duramente conquistado pela geração anterior.
Da mesma forma, a falta de conceitos claros gera suposições de direitos que engessam a sociedade, mostrando o quanto somos egoístas. Uma verdadeira guerra se estabeleceu a partir do sucesso alcançado por motoristas que utilizam o sistema Uber de prestação de serviço de transporte de passageiros.
Tínhamos um serviço de táxi antiquado, despreocupado com o usuário e ridiculamente regulamentado como hereditário. A alternativa moderna e mais barata foi imediatamente assimilada pelos usuários, o que causou reações violentas e desonestas. Pouco importa o que o passageiro quer. Os taxistas retrógrados, gritam, xingam, batem, cheios de direitos, os quais nem cogitam compartilhar.
Entre outras acusações contra os concorrentes, os taxistas alegam que o serviço não é seguro, o que não corresponde necessariamente à verdade. A diferença está mesmo onde?
O que há de semelhante entre os taxistas brasileiros e as oposições institucionalizadas ao governo? Ambos querem a qualquer custo a hegemonia. Mais que isso, querem o poder de explorar com exclusividade. Querem voltar ao poder, sem se importar com o desejo dos clientes. Se vão transportar e governar pessoas ou pacotes de carne, pouco importa. Importa sim, destruir a concorrência, a qualquer custo. Assim agimos todos nós, taxistas, políticos, passageiros, eleitores, brasileiros.