área externa do Restaurante Barril
 

Fachada de entrada do Restaurante Barril
 


Antigu(i)dades
 
Quem passar pela BR 262, km 514, no sentido BH - Luz não pode deixar de conhecer o restaurante Barril. Principalmente se estiver com um tempinho a mais. Eu quando vou, de preferência, é pra demorar. E quem passar vai poder entender o que significa: “Eu tenho um sonho e quero realizá-lo”. Pois tenho certeza de que é isso que pensou o idealizador daquele espaço à beira da estrada, que edificou — e continua a edificar — o próprio sonho milímetro a milímetro.

Pois bem, o Barril é um  armazém de sonhos e, me parece, a ideia é aprisionar o tempo, numa mistura de empório-museu. Antigas-idades... Ali tem. O restaurante saúda o rústico, logo na entrada: à porta, sob o vasto avarandado de telhado branco, são dispostas para venda tapeçarias e artesanatos variados, peças confeccionadas em ferro, barro e madeira, todas com marcas genuínas, e trazendo em si vestígios dos áureos tempos nas mãos de antigos donos, algo que impressiona pela autenticidade, numa volta ao passado.  Não dá pra sair também sem levar uma mostra das várias iguarias da terra como queijos, farinhas, cereais, café, frutas, pamonhas e uma infinidade de doces deliciosos.

 O espaço serve, é claro, a típica cozinha mineira, com os mais deliciosos e variados pratos, passando também pelo famoso pão de queijo (há quem desvie caminho só para comê-lo) assado em forno à lenha e servido com fatias de pernil. As sobremesas como pudins, doces em calda, doces de leite, queijos, requeijões e melado de cana atendem a todos os paladares. Para o cafezinho bem mineiro, tão usual após as refeições, as pequenas e delicadas canequinhas “desmaltadas”— tão originais que vêm até com descascadinho (olha aí, Bellozi rs). Um mundo de delícias! Aliás, quem adentrar àquele recinto, é melhor ficar de mal com a dieta, deixá-la emburrada do lado de fora e entrar sem culpa nenhuma...

E o cenário? Impressiona. A construção toda em estilo antigo conta com assoalhos em madeira sobre amplos porões; a parte superior, protegida por uma balaustrada, abre ampla visão para o pequeno horto e os jardins que se estendem pelo terreno em declive.

 Entrar no amplo salão do Barril é adentrar ao antigo. As mesas em tampos de carro de boi dão o charme. E por ali, num passeio incrível é possível se ver retalhos de passado: lampiões, lamparinas, máquinas registradoras e de escrever, ferro à brasa, peças de monjolos e alambiques, moinhos de café, balanças e seus pesos em ferro, debulhador de milho, panelões de ferro, tachos em cobre, pé-de-ferro, ferramentas, tachas para torra de farinha, máquinas de costura manuais, móveis diversos e até uma estátua — em tamanho natural — de um homem do campo com seu balde de leite espumante e laço na mão. Para quem vem do meio rural, uma festa; para os mais urbanos, um verdadeiro aprendizado.

 Além disso, os espaços externos abertos à visitação trazem um mundo pensado em detalhes: redes para descanso, latadas (lembrei José Alencar rs) de maracujá, o frescor do arvoredo — o ar ali não é o mesmo que respiramos, tenho certeza. Há ainda a área para o publico infantil que oferece várias distrações como casinha na árvore, casinha de bonecas, túneis, ponte em madeira e sob os porões um espaço com tanque de areia, animais em gesso e uma espécie de área para teatrinho ou festas.

 Material reciclado e madeira de demolição fazem o charme do lugar. E espalhados por todo o espaço, recortes de jardins, flores, vasinhos, tudo cultivado com perceptível cuidado e zelo dão o toque final. À beira da estrada, o passado pediu licença pra erguer o seu museu e contar um pouquinho da história de Minas. Sonhos não têm limites e tomara que, como o próprio tempo, o Restaurante Barril não pare de montar os seus, para nosso deleite, visitantes intencionais, ou viajantes mais apressados. Cruzando por essas paragens, quem passar pare por lá...  Vai gostar!