Outra vez quinta-feira

Me assusta a velocidade do tempo, quando mal fechei os olhos já é outra vez quinta-feira, sexta, segunda e lá se foi o fim de semana. Lá se foi o dia, se foi a semana, se foi o mês. Lá se foram meus quinze e meus tão esperados 18 anos. Assim como chegaram os 20, ficaram e ali na frente vem vindo os 30. Aqui a pouco virão os trinta e poucos e quando eu menos esperar, num piscar de olhos, sem que se der eu possa ter me dado conta vou estar com 50. Meio século de vida e onde estive durante todo esse tempo, que nem vi passar???

O tempo voa, vai depressa, exige certo jogo de cintura, desdobramento e desprendimento de nós. Exige que estejamos atentos ou, sem nem perceber, já teremos perdido muito tempo e não teremos como o recuperá-lo. Terá ficado para trás e ponto – final, pesado e categórico, sem argumentação ou arrependimentos.

Que susto gente! Que susto crescer e não poder fugir para lado nenhum. Não poder se esconder ou se preparar direito. Tem que crescer, tem que virar adulto, tem que ter um diploma, tem que ter uma casa, tem que pagar suas contas, tem que ter um emprego, tem que ser digno, tem que cuidar dos filhos, tem que se virar com o que tem, mesmo que o que tenha seja o mesmo que nada. “Tem que” muitas coisas, enquanto o tempo vai ficando para trás. Tem que continuar, seguir em frente, mesmo sem saber se é para "frente" que se quer mesmo ir. Tem que, tem que e não da pra deixar pra depois. Depois pode ser sempre tarde demais.

Então que seja o que for, vamos rasgar o calendário e vamos nos permitir alguns luxos, de vez em quando. Deixa as crianças brincarem e conserve a sua própria criança interior. Deixa os adolescentes viverem suas loucuras, enquanto podem, enquanto o peso de ser adulto não chega, lhes obrigando a crescer a qualquer custo; lhes obrigando a pagar o preço e dançar sua dança. Deixe viver e viva, porque amanhã pode ser que não tenhamos tempo algum.

Deixar a vida passar num piscar de olhos acordar de novo quinta- e de novo e de novo quinta outra vez-, sem nada aproveitar, sem nada se permitir, só para bancar a pose de adulto e pagar a conta mais que lamentável, é muito desperdício do pouco tempo que temos. É triste demais. E não vale a pena. Não vale o preço que se paga depois.

MAMagni
Enviado por MAMagni em 06/08/2015
Reeditado em 06/08/2015
Código do texto: T5337004
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