COLAR DE ESTRELAS

Desde crianças que eram apaixonados um pelo outro. Adolescentes evoluiram para o namoro propriamente dito. Mas suas famílias eram contra o romance. O pai dela dizia: "Naninha, dois lisos juntos escorregam!". A mãe dele dizia: "Zezinho, amor não enche barriga de ninguém!".

Continuaram o namoro mas sabiam que mais cedo do que pensavam teriam que se separar, evitavam falar nisso. Um dia, era noite de luar, estavam sentados num banquinho da pracinha, ele olhou para o céu e depois fitou os olhos verdes dela e disse: "Ah, Naninha, seu pudesse eu te daria um colar de estrelas!". Ela riu satisfeita como se tivesse recebido o presente. Nunca esqueceram isso, nem na despedida. Ele foi embora ser marinheiro, ela terminou o curso normal e depois se casou com um ricaço.

O tempo passou, ele passa muito rápido, não pára, ela enviuvou, casou de novo, enviuvou novamente e aí sossegou a periquita. Mas mesmo casada e viúva nunca deixava de olhar o céu em noite de luar, quando via as estrelas brilhantes botava a mão no pescoço e sentia o colar. Ele viajou o mundo inteiro, e sempre no decorrer desse tempo todo, à noite, sempre olhava para as estrelas e via Nanainha com o colar de estrelas. Envelehecerm sonhando.

Mesmo agora, já caminhando lento, devagarinho, sempre que pintavva um luar ela fazia um passeio até à pracinha, sentava no mesmo banquinho do namoro da adolescência e deixava o pensamento fluir, olhava embevecida para o céu e sentia uma grande nostalgia que era o nome chique da saudade do primeiro e único amor.

Num desses passeios estava absorta, olhando para o céu quando uma estrela saiu do lugar e ela fez um pedido, no mesmo instante ouviu uma voz conhecida dizer: "Naninha, um dia te prometi um colar de estrelas e nunca te pude dar. Jamais me perdoei. Juro". Ela olhou para ele rindo e disse: "Deixe de besteira, Zezinho, você me deu o colar de estrelas naquela noite, não esta vendo porque ele virou sentimento".

Nunca mais se separaram, rasparam o cororó da vida juntos. Graças ao colar de estrelas.