PASSAGENS ENTRE MEMÓRIAS
A porta fecha-se deixando o cômodo escuro e desabitado, aos poucos a vegetação cobre-a, não há janelas, somente a porta, nem a porta há mais, já está coberta.
Do outro lado a porta também fechou-se deixando o avesso do cômodo escuro e desabitado.
Sucedem-se noites e dias, muitas, centenas, milhares, delas e lá dentro agonizam o escuro e o desabitado.
De repente uma leve brisa sopra sem resistência no avesso da porta, a vegetação cai e a porta abre-se deixando livres o escuro e o desabitado, que saem estonteados, cambaleando e aos poucos amparados pelas memórias do verso e anverso começam a habitarem-se e embarulharem-se e pronto surgem as flores em toda a flora do jardim adormecido noite após noite, enfim é dia e já não há mais escuros, nem brancos na memória.