PASSAGENS ENTRE MEMÓRIAS

A porta fecha-se deixando o cômodo escuro e desabitado, aos poucos a vegetação cobre-a, não há janelas, somente a porta, nem a porta há mais, já está coberta.

Do outro lado a porta também fechou-se deixando o avesso do cômodo escuro e desabitado.

Sucedem-se noites e dias, muitas, centenas, milhares, delas e lá dentro agonizam o escuro e o desabitado.

De repente uma leve brisa sopra sem resistência no avesso da porta, a vegetação cai e a porta abre-se deixando livres o escuro e o desabitado, que saem estonteados, cambaleando e aos poucos amparados pelas memórias do verso e anverso começam a habitarem-se e embarulharem-se e pronto surgem as flores em toda a flora do jardim adormecido noite após noite, enfim é dia e já não há mais escuros, nem brancos na memória.

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 06/08/2015
Reeditado em 06/08/2015
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