Tempos modernos

Lembro-me com nostalgia dos tempos idos quando, perto da minha casa, em um pasto que lá existe até hoje, era o refúgio da garotada da minha época. Ás vezes andávamos dois ou até três quilômetros para buscar bambus para fazermos as traves. Era um espetáculo ver aquela meninada andando pela rodovia puxando aqueles enormes galhos, sem preguiça alguma. E depois de prontas, fincadas nos buracos que abríamos no chão, as traves ás vezes não aguentavam sequer o primeiro chute, e já despencavam no chão, quando então eram acudidas prontamente por vários garotos, que firmavam os bambus novamente, fazendo buracos mais fundos e jogando mais terra para firmá-las.
Neste pasto, eram dois os campinhos. Um do lado de cima e outro do lado de baixo. Quando não estavam em um, estávamos no outro, e isso acontecia quase todos os dias, desde quando o sol nascia até ele se pôr.
Mas tudo passou e acabou. Hoje, lá só existe pasto mesmo, onde as vacas e bois comem sossegadamente a refeição de cada dia. Fala-se também que dentro em breve tudo aquilo vai ser loteado, e naqueles terrenos, num futuro já próximo, tudo virará casas, construções.
Quando não brincávamos nos campinhos, brincávamos nas ruas, e as traves eram dois pares de chinelos.
Hoje, nem nos campinhos, nem nas ruas, e em nenhum lugar. E a explicação para tudo isto faria longa demais esta crônica. Mas a resposta, todos nós já sabemos.
Allves
Enviado por Allves em 05/08/2015
Reeditado em 06/02/2020
Código do texto: T5335726
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