Se o vento levasse

È constrangedor quando descobrimos que não sabemos o que é melhor para nós, a insegurança, a incerteza definham o conceito do homem, mas elas acontecem.Não só o medo da dúvida, e também por constatar a falta de bom senso de alguns, me faziam questionar: o filme E o vento levou não deveria ter sido produzido em episódios? Da invenção da roda, até a chegada do petróleo numa só película? Não sei exatamente se a nefrologia, ou a urologia, deve condenar um tempo excessivo sem fazer xixi, e um filme de enorme metragem contraria qualquer orientação médica.

Eu fui um tolo, com 18 anos de idade deveria saber que não aguentaria tanto tempo preso a uma poltrona, por mais que o cinema fosse confortável, particularmente estando ao lado de uma namorada linda e de uma sogra, não tão linda quanto a filha; fui ao cinema com as duas.

Eu tenho autonomia para ficar duas horas sem urinar, mas o filme reduzia minha capacidade ao meio, particularmente sabendo, ou não sabendo, quantas horas a mais haveria de permanecer sentado, imóvel, e achando tudo aquilo um porre. A beleza de Scarlet O´Hara não foi suficiente para evitar meus bocejos, além do que, o canastrão do Clark substituía a contagem de carneirinhos saltando cercas... para os insones.

Não podia beijar minha namorada, afinal estava em família, e não queria beijar a sogra, como não queria viver os dramas de uma guerra civil norte-americana, uma guerra que durou cinco anos, tempo, aliás, também, de duração do filme.

Decidido, para mim o filme chamava-se Lo que el viento se llevó, sim , era um dramalhão, copiado de novelas mexicanas.

Penso que a guerra civil retratada no filme terminou, sem que o filme desse mostras de terminar, confesso que chorava baixinho, não emocionado pelo roteiro, mas sentindo que estava ficando velho.

Minhas acompanhantes também choravam, elas comovidas pelo roteiro; e minha amada dizia que aquela história deveria durar para sempre; como ela, em outras oportunidades, também me disse que nosso amor duraria para sempre... terminei ali nosso romance, não sem antes, de forma gentil, chamar um taxi, que levaria as duas de volta para casa

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 04/08/2015
Reeditado em 04/08/2015
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