Essa tal de mim...

Não me venha aqui dizer que eu sou especial, abrir todos os meus sentimentos encaixotados e depois me deixar frágil nesse estado que eu nem sei mais lidar.

Eu te disse, tantas vezes, que eu não sentia. Me fiz dormente a tudo que pudesse me magoar, ou mesmo me fascinar. Assim, impedi a dor de entrar. Certo que perdi um pouco do que a vida pode dar a quem se deixa levar pela emoção, mas eu nunca gostei de deixar a responsabilidade pro coração.

Óbvio que eu entendo que eu não sou comum. E isso é meio difícil de aceitar.

Eu não me apaixono, não nutro esse romantismo tão lindo que chega a ser piegas.

Gosto de carne, de cor, da vida. Gosto do sangue, da surpresa de viver tudo sem dar nome a nada.

E sempre foi tudo bem por aqui. Até você chegar e bagunçar minha vida toda organizada para ser prática assim como eu.

Já tive noites mal dormidas pensando na prova do outro dia, e isso não foi tudo. A insônia me fez pensar naquela música, na viagem dos meus sonhos, e em todos os outros sonhos que tenho. E agora, não raras vezes, me pego pensando no que tu fez aqui. Não sei se permiti, ou se esse descontrole todo marcou, mas há muito de ti nessa loucura toda.

Eu não sou fria, só não gosto de sentir fora do controle.

Um dia me disseram que meu coração era de pedra, mas se fosse assim tão concreto não haveria nada que tu pudesse ver nele, e ainda me fazer acreditar, sobre um eu diferente.

Tu me viu bela, sensível e carinhosa. Eu disse que desconhecia essa parte.

Mas desde esse dia, procuro todos os momentos esse alguém que mora em mim.

Se tu achou, devia ao menos me dizer aonde.

Agora, tenho que ficar nessa organização bagunçada, na dúvida entre encaixotar tudo isso ou ficar com um pouco do que só tu sabe...

Alice Fialho
Enviado por Alice Fialho em 04/08/2015
Reeditado em 04/08/2015
Código do texto: T5333988
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