O INCANSÁVEL JUIZ MORO E AS NOVAS PRISÕES.

No inicio do ano escrevi esse artigo. Creio que tinha razão. O "andar da carruagem" está chegando ao seu destino com a nova prisão de Zé Dirceu. E isso se deve à excelência do trabalho incansável do Juiz Moro.

DEVEMOS MUITO A ELE, FALO COMO INTEGRANTE DO JUDICIÁRIO E SEI DO QUE FALO E DE SUA ATUAÇÃO,IMPEDINDO ESTRATÉGIAS.

E encerrei como está no final, verbis: " O reino da corrupção ruirá. Peçamos ao Senhor "a graça de estarmos preparados para o banquete que nos espera, sempre com a cabeça erguida. E ele virá pelas mãos do Juiz Moro que deu inicio ao fim dos tempos que vivemos para esperançar uma nova luz."

O JUIZ MORO.

A destinação dos conflitos a serem dirimidos, julgados, encontra juízes e juízes. Os poderes institucionais exercidos pelo ser humano os torna falíveis e próximos de influências ou não. Corre no sangue de cada um as inclinações maniqueístas, o bem e o mal. São Paulo em suas cartas, por dever de interpretação, e só por isso, faz exegese do julgador e afirma que “o juiz enquanto julga com proficiência, sabedoria e eficiência,está acima dos homens e abaixo de Deus”. Por que faz essa interpretação? Por ter em suas mãos o julgamento dos maiores valores dos outros homens. Por isso Padre Vieira situa a ceguidade de Temis, a Deusa da Justiça afirmando que é uma cega que vê. E quando vê? Quando está distante das influências todas, dos poderosos, da captação de vontade sublevadora, da oferta de benesses. Esta a característica da ceguidade que vê, da venda nos olhos da Deusa da Justiça,filosófica e mal entendida pelo povo, pelo senso comum.

Não sem razão - os fatos já secundam para quem conhece esses meandros e a postura adotada - a ação do Juiz da Petrobras, o Juiz Moro, obteve de Forças Maiores, não as humanas, a missão que desenvolve, que já foi tentada enfraquecer com absoluto insucesso para quem conhece processo, instância revisional e competência jurisdicional. É a justiça que vê, e nada teme, tem ideal fortificado pela forja do caráter e enfrenta com altivez e desenvoltura pretendidos ataques. Perdem-se as investidas na biografia de quem nada deve e no profissionalismo de quem conhece o ofício e sabe enfrentar com inteligência hierarquias que estariam acima em revisão, colocando-as em impasse e fazendo-as estacionárias obrigando-as a retrocederem, em competência jurisdicional e arranjos.

O “petrolão fará história”,antevejo graves desfechos.

Mas a depressão não condiz com o cristão, já disse Papa Francisco na celebração de Missa na Casa Santa Marta. Mencionou a "corrupção" e a "distração" como fenômenos que afastam de Deus.

Apontou Babilônia e à Jerusalém, culminando no fim dos tempos, como cidades destinadas à ruína, por que não "aceitaram o Senhor". A queda se deu diferentemente, disse: Babilônia é "o símbolo do mal, do pecado", se acha "dona do mundo e de si mesma", portanto é vítima da sua própria corrupção, que tira a "força para reagir" .

A corrupção, explicou o Papa,“dá um pouco de felicidade, dá poder e também faz você se sentir satisfeito com si mesmo: não deixa espaço para o Senhor, para a conversão".

A corrupção é primeiramente do espírito, do "espírito pagão" e do "espírito mundano", disse o Papa. A forma mais grave de corrupção, acrescentou o Papa, é "o espírito da mundanidade."

A "cultura corrupta" do nosso tempo "faz com que sintamos aqui como se estivéssemos no Paraíso: plenos, abundantes". A Babilônia, portanto, é o símbolo de toda "sociedade, toda cultura, toda pessoa distante de Deus, distante também do amor ao próximo, que acaba por apodrecer”.

Nossa corrupção é babilônica. A palavra de ordem do Papa Francisco é:" Nada de depressão: esperança!"

O reino da corrupção ruirá. Peçamos ao Senhor "a graça de estarmos preparados para o banquete que nos espera, sempre com a cabeça erguida”.

E ele virá pelas mãos do Juiz Moro que deu inicio ao fim dos tempos que vivemos para esperançar uma nova luz.

PS- Impõe-se acrescer o inestimável serviço da Polícia Federal e do Ministério público,mas o órgão decisório é que tem o condão de decidir, ser isento, respeitado,incólume, distante de influências,a elas resistindo ou sequer permitindo qualquer aproximação pelo postura irrepreensível.

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Elio Gaspari, ARTIGO NO GLOBO DE HOJE, 5/8/2015.Globo.

Tudo indica que hoje o Ministério Público colocará o procurador-geral Rodrigo Janot na cabeça da lista tríplice a ser encaminhada à doutora Dilma e que ela remeterá seu nome à apreciação do Senado. Os Pais da Pátria têm poderes constitucionais para rejeitá-lo, ou mesmo para cozinhá-lo em fogo brando. Se fizerem isso, colocarão a Casa em oposição à faxina que vem sendo feita na administração do país. Aí sim, estará criada uma crise, a da desesperança e da revolta diante do escárnio.

Não há contra Janot um fiapo de acusação por práticas irregulares. Ele, a Lava-Jato e os procuradores mostraram que trabalham na defesa da moralidade pública. A ideia de que Janot esteja a serviço do Planalto é ridícula. Se as investigações chegaram a hierarcas de outros partidos, sobretudo do PMDB, isso nada tem a ver com o palácio, mas com a biografia de cada um deles. Pior: cada hierarca sabe onde o Ministério Público achou seu rabo preso. A tática de fugir atacando fracassou.

O que está acontecendo no Brasil foi antecipado pelo juiz Sérgio Moro num artigo de 2004, tratando da Operação Mãos Limpas, que revolucionou a política italiana no fim do século passado. Vale citá-lo:

“‘A Operação Mani Pulite’ redesenhou o quadro político na Itália. Partidos que haviam dominado a vida política italiana no pós-guerra, como o Socialista e a Democracia Cristã, foram levados ao colapso, obtendo na eleição de 1994 somente 2,2% e 11,1% dos votos, respectivamente.” Os dois partidos deixaram de existir com esse nome e o primeiro-ministro socialista Bettino Craxi morreu no exílio, na Tunísia.

Muita gente boa argumenta que, depois da Mãos Limpas, surgiu o fenômeno Silvio Berlusconi, um magnata das comunicações larápio, cínico e vulgar. Ele ficou nove anos no poder, apanhou na rua, sofreu várias condenações e blindou-se. Mesmo assim, hoje a política italiana é outra, mais honesta e menos ridícula.

Se o Senado resolver dificultar a recondução de Janot, terá o seu “momento Berlusconi”, mostrando que nada se pode fazer contra a oligarquia política brasileira. Na Itália, a máfia explodiu o juiz Giovanni Falcone, que comandou a Mãos Limpas.

Desde o início da Lava-Jato, fabricaram-se fantasias. Não havia corrupção, mas extorsões contra as empreiteiras. As prisões seriam uma forma de tortura, e as colaborações seriam produto da coação. O juiz Moro não chegaria à Odebrecht. Marcelo Odebrecht está na cadeia, a Camargo Corrêa colabora com o Cade, 12 maganos confessaram suas tramoias e há uns tantos na fila. A adesão de Renato Duque parece próxima, a de Léo Pinheiro, possível. Ambos sabem coisas que os oligarcas não querem lembrar.

Na ponta do lápis, colaborar com a Viúva tornou-se um bom negócio. Os condenados pelo juiz Moro são homens com mais de 60 anos e suas carreiras acabaram-se. Todos têm patrimônio legal capaz de lhes proporcionar uma casa em Angra dos Reis (para quem não a tem), com piscina, quadra de tênis e espaço para exercícios. Cabe-lhes escolher entre essa vida, com tornozeleira, ou o risco de passar um par de anos em regime fechado, pensando no dia em que poderão pedir o regime semiaberto. Até agora, só João Auler, da Camargo Corrêa, comprou esse boleto.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 03/08/2015
Reeditado em 05/08/2015
Código do texto: T5333366
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