As casas da Móoca.
Eventualmente passo por uma rua construída sobre um declive de tal modo que muitos imóveis foram construídos em andares para alcançar a parte interna do terreno que faz fundos com a outra rua metros acima.
Certa vez notei uma casa simples, pintura acinzentada pelas marcas do tempo, descascando o pouco que ainda restava. À medida que se elevava o olhar notava-se nos patamares uma àrvore ou que restou dela, mato alto e plantas em touceiras desarranjadas. Compreensível! Deve ser complicado lidar com um terreno como este, íngreme e com a casa tão antiga.
Tempos depois passei e notei que a casa estava diferente, uma pintura suave, e com diversas jardineiras na lateral que acompanhava a escada que permitia o acesso ao imóvel. Algumas plantas bem cuidadas, flores, arranjos e até um pássaro de cimento enfeitando um dos patamares, estava de fato mudada, gostei de olhar, era uma casa charmosa, com requintes de amor. Ainda assim me intrigava o fato de que nada tinha o aspecto de novo, pareciam estar perfeitamente instalados ali há anos, porém bem cuidados. Não sei! Talvez uma impressão errada devido à celeridade do olhar curioso.
Poucos dias depois passando novamente notei a casa e senti meus olhos saltarem como em um desenho animado. Como assim? O mato voltou a dominar? E a pintura? E as jardineiras? Reduzi a velocidade já começando a duvidar de minha própria sanidade mental. Então notei que há uns 60 metros adiante estava a outra casa. Ambas com o mesmo formato, a mesma fachada e no mesmo trecho da rua, construídas de forma absolutamente idênticas. Impressionante a lição que dalí me saltou:
A vida igualmente apresenta situações nem sempre satisfatórias, e por vezes notamos que uns lidam melhor com a adversidade do que outros. Não importa o que você tem... mas o que faz com o que tem.