TEST DRIVE, OU VÁ...

Após sair de um longo e tenebroso casamento, Natália estava apta a reconstruir sua vida e viver novas emoções procrastinadas.

Através de um site de relacionamento, encontrou um homem maduro, também viúvo e muito descontraído, agradável e simpático. Ele foi logo dizendo que morava na zona sul, à beira da praia, possuía um Corola, morava sozinho... E blablablá...

Aquilo seria tudo de bom, mas... Há sempre aquele, mas... Tão rascante e difícil de se engolir.

Queria que Natália fosse até seu AP para se conhecerem melhor...

Ela tentava driblar o cara, mas ele insistia sempre em tocar a mesma tecla, parecendo um antigo disco de vinil arranhado:

- Vem pra cá! Vem tomar café comigo, depois vamos à praia, almoçamos...

- Mas é longe!

- Pega um táxi... Fica comigo! Vamos dormir de conchinha! ...

Como Natália resistisse, combinaram um encontro. E... Tudo bem, agora já se conheciam...

Porém o cara continuou com a tal ideia fixa: Vem para minha casa, "mi casa, su casa..." Mas eu nunca abrirei mão de morar sozinho e não quero que ninguém invada a minha privacidade... Só não admito traição! Disse ele.

Então, Natália começou a avaliar a situação:

- Quer que eu vá em domicílio, pague o táxi, ida e volta, e ainda exige fidelidade total e irrestrita...

É como se ele fosse a uma revendedora de automóveis, fazer um teste drive, e dissesse ao vendedor que jamais negociasse, vendesse, emprestasse ou alugasse aquele carro, pois ele, ora em diante, seria de seu uso exclusivo, sendo o único dono e possuidor. Teria todos os direitos de usá-lo, sem nenhum risco, custo, taxa ou prestação... Livre de qualquer multa e com uma vaga cativa no local!

Então, fica combinado assim:

(Combinado não sai caro!...)

VÁ CATAR COQUINHO!!!