NÃO SE EXPLICA O QUE SÓ PARA DEUS É EXPLICÁVEL
Gosto de escrever as histórias que meu pai contava sobre meus avós, pois não cheguei a conhecê-los.
Meu avô, Irineu Spínola e Castro, morreu com 32 anos e deixou 9 filhos. Deve ter se casado muito cedo, e minha avó Leonídia da Silva Spínola, descendente da família Salazar em Portugal era professora primária.
Ao ficar viúva sentiu-se completamente desamparada. Não havia pensão do marido para que ela pudesse cuidar dos seus filhos, e como professora primária não conseguiria educá-los. Não ganhava muito.
Ficar sozinha para criar 9 crianças, sendo 5 meninas e 4 meninos era um desastre na vida da mulher. Como educá-los? Todos menores de idade. O mais velho ainda no ginásio, hoje 1º grau, e uma escadinha de pequenas e trabalhosas crianças.
Como era uma mulher de muita fé, muito religiosa, conseguiu colocar todas as meninas em um convento, e todos os meninos em um seminário.
Conforme terminavam os estudos, foram saindo e se casando. Só meu pai ficou para tentar cumprir uma promessa da minha avó de que ele seria padre.
Passaram-se muitos anos, e meu pai trabalhava na PUC de Belo Horizonte, onde residia. Minha avó tinha sido diagnosticada com câncer de útero. Na década de 40 não havia socorro para estes problemas uterinos. Hoje, acredito que ela teria vivido mais, mas a medicina não tinha os recursos necessários. Não era câncer, pelo que percebo hoje. Eram miomas que foram crescendo no útero até levá-la à morte por hemorragias intermináveis. Da mesma forma algumas de suas filhas tiveram o mesmo, mas já havia meios de se conter o problema, e eu, sua neta, também tive, ainda com 35 anos.
Ela foi internada no Instituto Radium, que ficava no Parque Municipal de BH, naquela época já comprado pela prefeitura para tornar-se espaço de lazer à população. Este hospital não existe mais.
Vovó Leonídia estava em um quarto juntamente a outra mulher que sofria muito. Esta gritava de dor a noite toda, e vovó não sabia o que fazer para ajudá-la. Uma noite esta mulher sofreu tanto que vovó resolveu tentar minimizar sua dor. Ela, pelo que sempre ouvi dizer, era uma mulher muito caridosa, dedicada a cuidar dos mendigos na rua, curar-lhes feridas, dar-lhes comida e até banho quando necessário. Tinha que fazer alguma coisa para ajudar sua colega de quarto.
Sua fé era tão grande que ela levantou-se de madrugada, foi à capela do hospital e pegou nos dedos um pouco do óleo do Sírio, que fica acesso ininterruptamente perto do Santíssimo Sacramento, levando-o ao quarto, e com uma oração ao Santíssimo, passou o óleo na barriga da mulher, que imediatamente parou de gritar. Depois de alguns dias os exames constaram que ela não tinha mais nada, e teve alta. Aquela mão caridosa a havia curado.
Logo depois os médicos pediram ao meu pai, que a visitava todos os dias, que a levasse para Caratinga, pois ela devia morrer perto dos filhos, e todos moravam lá.
Meu pai tratou com o médico de sair da PUC às 7 horas da manhã, no dia seguinte, e buscá-la no hospital para levá-la de trem a Caratinga, e assim o fez, mas qual não foi sua surpresa, ao chegar ao hospital, quando lhe disseram que ela já havia ido para Caratinga.
- Mas como ela foi? Eu combinei de vir buscá-la para que ela não fosse sozinha!
- O pessoal do hospital então informou que ela não estava sozinha. Um primo muito bonito, que parecia um galã de cinema, e aparentemente rico, havia aparecido no hospital com um carro do ano, muito chique, e que ela o havia reconhecido. Abraçaram-se, e ele disse que estava ali para levá-la até Caratinga. Dirigiu-se com minha avó no carro até a estação de trem, deixou- o estacionado, e pegou o trem com ela, levando-a até a porta da casa de um dos seus filhos. Ali se despediu dela alegando que precisava voltar imediatamente, pois seu carro poderia ser roubado na estação.
Ela entrou na casa do seu filho muito animada, e de surpresa, e todos ficaram abismados com a história do primo, que nem quis entrar também para vê-los. Ninguém o conhecia.
Meu pai ficou muito nervoso, pois aquilo era muito estranho. Como o telefone demorava muito a chamar, ele esperou todo o dia até a telefonista avisar que a chamada dele para Caratinga já havia sido completada, e a mãe dele àquela altura já deveria ter chegado.
Seu irmão confirmou a história do primo que a levara, e perguntou se meu pai o conhecia. Ninguém sabia quem ele era, mas a vovó sabia. Ela disse o nome dos seus pais, e onde moravam. Algum tempo depois minha avó morreu. Foram poucos dias após sua ida para Caratinga.
Assim meu pai resolveu investigar este primo. Seria verdadeira aquela história? Não seria uma ilusão de uma pessoa idosa? Ela estava com somente 52 anos. Não era idosa a ponto de ter alucinações daquele tipo!
Todas as formas de contatos para se investigar uma família eram muito difíceis naquela época, e meu pai resolveu ir pessoalmente à cidade a que minha avó havia se referido, onde morava a família do primo, e conhecê-lo. Aproveitaria para agradecer pela atenção tão especial, e pelo carinho oferecido à sua mãe, etc.. Mas ele nunca imaginou a surpresa que teria nesta viagem.
O primo, que buscara sua mãe no hospital e a levara até Caratinga havia morrido dez anos dez anos antes.
Como explicar o inexplicável?
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