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ACONTECIMENTOS INUSITADOS
Ysolda Cabral

 
Os acontecimentos mais inusitados me ocorrem. Parece até que atraio o estapafúrdio!  Senão, vejamos: Ontem, na volta para casa, do trabalho, apesar do cansaço, resolvi parar no Shopping Rio Mar, para junto ao Posto do Detran, no Expresso Cidadão, buscar notícias do Certificado de Registro e Licenciamento, 2015, do meu carro, uma vez que até o presente momento não  recebi.

O funcionário que me atendeu, disse que o Detran havia enviado, para o meu endereço, pelos Correios, desde 05 de junho último. Mas, eu não recebi! Assegurei-lhe.

Ele, então, mandou que me dirigisse ao seu colega, para checar no cadastro. Esse, com ares de muita importância, pediu minha habilitação (não entendi a razão) e o documento do carro.  

Após examiná-los e a mim, dos pés a cabeça, também, acessou uma página do ''sistema'' deles e me perguntou se o endereço estava correto. - Respondi-lhe que sim.

Nitidamente em dúvida e aborrecido me perguntou, ainda, se eu não havia mudado de endereço. Disse-lhe que não, pois se tivesse mudado, com certeza, ainda lembraria. (O carro era velho, mas eu não estava tão velha, que não me lembrasse de uma mudança, pelo tanto de trabalho que dá.) Sorri do meu pensamento, sem perceber. Mas, ele percebeu e, não gostou.

A essas alturas a situação ficou ainda mais complicada!...

Com bastante cautela, lhe perguntei o que fazer argumentando, inclusive, que, se o endereço estava  correto, se eu continuava morando no mesmo lugar e tendo a certeza de que eu era eu e de que estava ali , ao vivo e a cores; qual a razão dele não me entregar a segunda via do documento?
 
Muito irritado, disse que eu precisava provar que morava mesmo naquele endereço, através de alguma correspondência, por exemplo. 

Na mesma hora lhe passei uma multa, recebida do próprio Detran e foi aí que ele se superou: - '' Do Detran  não serve, minha senhora! Tem que ser de outro órgão. Tipo, Celpe, Compesa..."

-  Ai, minha Nossa Senhora, que coisa mais complicada!

A essas alturas eu não sabia o que estava mais me incomodando se a mediocridade e grosseria dele, se o meu tempo desperdiçado ou se o ''senhora'' me enquadrou numa condição que não assumo, por ora, quando me escutei falar:

- Vai ver que estou mesmo senil, esqueci que me  mudei e nem sei se sei aonde fui morar e cai numa gostosa gargalhada. Ele, irritadíssimo, decretou:

-  ''A senhora só terá a segunda via do documento, se provar que o seu endereço é o mesmo que consta no cadastro."

 - É mole?

Hoje estive lá munida de vários comprovantes, mas não recebi o CRLV...

O ‘’sistema’’ estava fora do ar!

- Eu mereço!