"MEU FEIJÃO": A POLÍCIA FEDERAL TAMBÉM ERRA!
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Um “reality show judiciário”, nas palavras dos advogados de defesa de Marcelo Odebrecht, foi no que teria se transformado as investigações da Operação Lava Jato, atacando diretamente o trabalho do juiz federal Sérgio Moro e da Polícia Federal, que comandam as investigações em sua 16a fase. No afã de encontrar um culpado, a Polícia Federal muitas vezes extrapola em interpretações, confunde expressões e define seu entendimento, como ocorreu em Manaus com um médico neurologista que foi preso, algemado e ficou cinco dias sem se comunicar com ninguém, na sede da Polícia Federal ao deixar um plantão. Só teve direito de telefonar para mim, comunicando o que lhe estava ocorrendo e me pedindo ajuda. Anos depois, foi absolvido de todas as acusações que o envolveram por causa da expressão “meu feijão” Uma quadrilha formada por médicos, que emitiam laudos falsos, peritos da Previdência Social que os aceitavam intermediários que trabalhavam para a quadrilha, foram todos condenados. Se o empresário é acusado ou inocente, não tenho como concluir. O processo continua em andamento. O juiz Aldo Moro está sendo fragilizado em seu alicerce mais nobre: sua honra! Advogados e até um deputado da Câmara Federal já pediram para afastá-lo do caso, dizendo que ele é parcial. O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, um dos investigados, usou um aliado para pedir o afastamento e Aldo Moro do caso, para ficar livres e continuar com as propinagens.
Contudo, a Polícia Federal erra em muitas coisas, pois confundiu a expressão “meu feijão”, usada pelo médico em Manaus como se fosse “propina” . Com base nessa interpretação, decretou a prisão de um neurologista por 5 dias, junto com outras pessoas. O médico, anos depois, foi absolvido por sentença judicial e muitos foram condenados. No caso do médico neurologista, foi um processo que causou depressão, confisco de bens e patrimônio e até hoje o médico sofre os efeitos desse trauma irreparável. Se vai processar ou não a União, isso não sei! Mas ele tem direito! E por que estou escrevendo sobre isso, se o médico já foi absolvido e vários presos junto com ele, na mesma operação, foram condenados por envolvimento na mesma operação que fraudava a Previdência Social com aposentadorias? Simplesmente, por que os advogados de defesa do presidente da empresa Odebrecht, decidiram defendê-lo, atacando o trabalho do juiz e da PF. Em vez de esclarecer as anotações apreendidas em poder do empresário, os defensores decidiram criticar toda a 16a fase da operação Lava Jato e garantiram que estão querendo incriminar o empresário de qualquer maneira. E mais: a PF não se deu ao trabalho de interpretar as anotações aprendidas. Será que a PF tem que fazer interpretações de alguma coisa ou a justiça, no decorrer do processo, é quem deve se pronunciar? Sobre as siglas escritas no aparelho celular do dono da empresa, os advogados de defessa disseram que a expressão “L.J.” não se referiria à investigação da Lava Jato, mas ao jornalista Lauro Jardim, da Revista Veja, que escreve sobre o escândalo. Da mesma forma que a Polícia Federal no Amazonas interpretou “meu feijão”, como propina, também podem ter interpretado errado no caso do que foi apreendido com o empresário reu confesso, mas isso terá que ser bem apurado. A 16a da Operação Lava Jato, batizada pela Polícia Federal de “Operação Radioatividade”, ocorrida em Brasília, RJ, Niterói, SP e no município paulista de Barueri, foram cumpridos mandados de prisão temporária e 23 de busca e apreensão e cinco de condução coercitiva. Com indícios de provas contra o empresário, preso preventivamente por ordem do juiz o dia 19 de junho, por ter mandado destruir “e-mail sondas”, os advogados de defesa preferiram atacar as interpretações da PF, porque há indícios e provas de que ocorrem exageros nas interpretações de documentos apreendido. O encontro desse e-mail sobre sondas foi considerado pelo juiz “como uma das provas de participação da Odebrecht em cartel”.
Seria esse mesmo esse o sentido da frase? Pode ser e também não ser nada disso ou ser tudo e muito mais, porque as investigações continuam e, em cada nova etapa deflagrada, mais corrupção vai sendo descoberta, algumas muito bem elaboradas para confundir a apuração. Para piorar ainda mais a situação, Marcelo entregou um bilhete a agentes, pedindo que fosse enviado aos seus advogados. Os policiais examinaram a correspondência e viram a frase e-mail e decidiram tirar uma cópia da mensagem escrita pelo presidente da Odebrechet e entregá-la ao juiz do feito. O delegado federal Eduardo Mauat da Silva explicou que “não haveria problema na entrega do original aos advogados, uma vez que os mesmos iriam ter contato com o preso de qualquer maneira na sequência”. Mesmo assim, o delegado decidiu ouvir os advogados Rodrigo Sanches Rios e Dora Cavalcanti Cordini, que na defesa do cliente, decidiram partir para o ataque contra todo o trabalho, dizendo já realizado e garantindo que o verbo destruir, usado no bilhete, se tratava de uma “estratégia processual e não a suspensão de provas”.
Do “meu feijão”, usada pelo médico em Manaus, entendida pela PF, como pedido de propina no linguajar investigativo, também pode ter sido interpretada erradamente e poderá ser ou não apenas uma “estratégia processual”. Mas tem em uma distância muito longa, porque feijão é dinheiro e outras coisas mais para a Polícia Federal. Não estou defendendo Marcelo Odebrecht ou o que os advogados de defesa fizeram, mas é preciso cautela com interpretações dadas pela Polícia Federal recolhe para não cometer mais injustiças, como ocorreu em Manaus em diversas operações da contra agentes da Polícia Rodoviária Federal e os fiscais da Delegacia Regional do Ministério do Trabalho. Alguns absolvidos, processam a União; outros, condenados, não tem do que reclamar porque foi feita a separação bíblica entre o joio e o trigo!